Em seu primeiro festival, Fórum do Grajaú faz assembleia sobre “desmonte” da Cultura

Agentes culturais periféricos em marcha após 30 horas de ocupação histórica da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, em 2017 (Foto: Wilson Oliveira / Periferia em Movimento)

Neste domingo (16 de julho), trabalhadores, trabalhadoras e coletivos reunidos no Fórum de Cultura do Grajaú realizam o primeiro festival desse espaço de articulação e atuação política no Extremo Sul de São Paulo.

Para começar, acontece uma assembleia sobre o “desmonte” da Cultura sob a gestão do atual prefeito João Doria. Entre os provocadores, estão Bruno César (da Cia Humbalada de Teatro e ex-educador do PIÁ – Programa de Iniciação Artística), Jesus dos Santos e Aluízio Marino (do Movimento Cultural das Periferias), Fernando Ferrari (do Fórum de Cultura do M’Boi Mirim), Cileia (do Fórum de Cultura de Parelheiros), entre outras pessoas.

Após o debate, haverá apresentação dos grupos Runsó, Cia Cambona e Clarianas. Também haverá oficina de bonecas abayomi com Cristiane Jaxuka e uma intervenção sobre alimentação saudável com Kim Marques, integrante da Ecoativa.

Desmonte

Há pouco mais de um mês, fazedores culturais da cidade tomaram a Secretaria Municipal de Cultura (SMC) pedindo a demissão de André Sturm, titular da pasta, em uma ocupação que durou em torno de 30 horas e não teve êxito em sua principal reivindicação.

O estopim para a ocupação deflagrou-se nesta última segunda-feira (29 de maio) quando André Sturm ameaçou “quebrar a cara” do agente cultural Gustavo Soares, um dos integrantes do Movimento Cultural Ermelino Matarazzo da Zona Leste de São Paulo. O áudio foi divulgado pelo movimento, publicado em primeira mão pelo Periferia em Movimento e amplamente repercutido por outras mídias e nas redes sociais.

O desmonte das políticas públicas culturais segue a todo vapor no governo Doria: com o congelamento de 43,5% da grana prevista para investir em Cultura neste ano, trabalhadores e trabalhadoras da cultura denunciam o sucateamento dos equipamentos culturais públicos, o desvirtuamento da Virada Cultural, cancelamento de aulas e oficinas nas periferias, perseguições e ofensas verbais à trabalhadores da cultura, apagamento de grafites, falas de cunho discriminatório e atitudes racistas (tal como a expulsão do agente cultural Aloysio Letra de uma reunião pública).

Entre as ações controversas constam ainda os cortes nas oficinas culturais nos CEUS e outros equipamentos (Programas Piá e Vocacional), o desmonte da Escola Municipal de Iniciação Artística (EMIA), a diminuição de 30% dos recursos destinados ao Programa VAI (política de incentivo à autonomia da juventude periférica) com a desclassificação arbitrária de cinco grupos selecionados para o programa, a suspensão do Programa Aldeias (destinado ao fortalecimento de aldeias indígenas da cidade), os cortes nos programas de fomento a grupos culturais (teatro, dança, circo, cultura digital e periferia), os atrasos de pagamento e abandono aos agentes comunitários de cultura e a demissão em massa de funcionários da SMC.

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