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Preservação da Mata Atlântica e da memória do cambuci através da melhor comida caseira de Parelheiros – Periferia em Movimento

Preservação da Mata Atlântica e da memória do cambuci através da melhor comida caseira de Parelheiros

Suco de cambuci natural e orgânico (R$5). Foto: Guilherme Petro.

Texto e fotos de Guilherme Petro, no Prato Firmeza – Guia Gastronômico das Quebradas*

Cambuci: a palavra que nomeia o bairro do Centro de São Paulo veio de uma fruta nativa da Mata Atlântica. Sua origem é o termo “kãmu-si”, ou “pote d’água” em tupi-guarani, devido à sua semelhança com o formato dos vasos de cerâmica que os índios produziam. O fruto – da família das goiabas e jabuticabas – está diretamente ligado à história do estado de São Paulo, pois, originalmente consumido pelos índios, passou a ser consumido pelos bandeirantes curtido na cachaça.
Apesar da importância histórica e ambiental, pouca gente conhece a fruta e a espécie chegou a ser ameaçada de extinção. Hoje esse quadro vem mudando e o cambuci se tornou um símbolo de preservação da Mata Atlântica, graças a estratégias como a Rota do Cambuci, um festival que teve sua primeira edição em 2009. Parelheiros, no extremo sul da capital, faz parte dessa rota. A 37km de distância do Marco Zero da cidade, na Sé, a região, com seu clima de interior e cercada por toda parte pelo verde da Mata Atlântica, foge completamente do perfil caótico e cinza do resto de São Paulo. É lá que estão localizadas as duas unidades do Restaurante e Pizzaria Marlene, que certamente possuem a melhor e mais sustentável comida caseira da região.

O Restaurante de Dona Marlene já completou quase 30 anos, e desde 2009 faz parte da rota do Cambuci. Foto: Guilherme Petro,


Aberta em 1989, pela Dona Marlene, a primeira casa era inicialmente um bar. Em 2006, ela passou a desenvolver receitas com frutas nativas, que deram tão certo que três anos depois passaram a fazer parte da Rota do Cambuci. O restaurante self-service muda o cardápio todos os dias, de acordo com a qualidade e preço dos produtos na semana. Ainda assim, alguns pratos são verdadeiros clássicos, como a moqueca de peixe, o peixe à milanesa e a espetacular costelinha de porco no molho agridoce de cambuci, que desmancha na boca e combina perfeitamente com o sabor ácido e adocicado da fruta. Vale ressaltar também que todas as ervas e folhas são orgânicas, compradas de produtores da região. O preço é muito camarada: 100g custam R$2,79 e para acompanhar, nada melhor que o suco de cambuci (foto, R$5), também ácido e adocicado na medida certa. Uma paleta de cambuci com leite condensado (R$6,50) é perfeita para fechar o almoço. Outras delícias caseiras feitas com a fruta também podem ser encontradas no restaurante, como geleias, musses e cachaças.
“Quando comecei, Parelheiros era bem menor, mas não cresceu tanto econômica e culturalmente falando. É preciso de muito trabalho para que os moradores daqui tenham mais contato com as nossas frutas”, diz a simpática Dona Marlene, que abriu a segunda unidade do restaurante em 2015 e também dá oficinas culinárias sobre as frutas nativas em diversos pontos da cidade. Com sua rica simplicidade transmitida tanto na fala, quanto na comida, ela se tornou uma figura importante na divulgação da região. É daquelas pessoas com um jeito gostoso, que dá vontade de colocar dentro de um potinho, ou de uma compota, e levar para casa.
Ficou com água na boca? Confira aqui o Facebook do restaurante da Marlene 😉
E para conhecer mais lugares deliciosos nas quebradas da Zona Sul e de outros cantos de SP, acesse o Prato Firmeza e siga também no Facebook e Instagram 🙂
 

*Prato Firmeza é um guia gastronômico das quebradas paulistanas – o primeiro a mapear os melhores restaurantes, bares, lanchonetes e carrinhos de comida das periferias – e foi criado por jovens correspondentes locais que participaram da Escola de Jornalismo da Énois.

 

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