web-stories
domain was triggered too early. This is usually an indicator for some code in the plugin or theme running too early. Translations should be loaded at the init
action or later. Please see Debugging in WordPress for more information. (This message was added in version 6.7.0.) in /home/periferiaemmovimento/www/teste/wp-includes/functions.php on line 6114mfn-opts
foi ativado muito cedo. Isso geralmente é um indicador de que algum código no plugin ou tema está sendo executado muito cedo. As traduções devem ser carregadas na ação init
ou mais tarde. Leia como Depurar o WordPress para mais informações. (Esta mensagem foi adicionada na versão 6.7.0.) in /home/periferiaemmovimento/www/teste/wp-includes/functions.php on line 6114A temperatura máxima não passava dos dez graus naquela tarde fria à beira da represa Billings, na zona sul de São Paulo. Mesmo assim, algumas dezenas de gatos pingados compareceram ao CEU Navegantes, no Grajaú, para falar de um tema que preocupa milhões de brasileiros e há pelo menos um ano e meio é assunto recorrente nas rodas de conversa dos moradores da região: MORADIA. O terceiro debate “Periferia em Movimento”, cujo tema foi “Doce Lar?”, ocorreu neste domingo, 15, e trouxe à tona a questão das desapropriações de casas construídas em áreas de mananciais.
O público foi convocado a se juntar aos convidados no palco, em formato de roda. Atentas, as pessoas ouviram o relato de Margarida Linhares, que mora há 20 anos no bairro Cantinho do Céu, às margens da Billings. Margarida luta há um ano e meio com a construtora contratada pela prefeitura de São Paulo para retirar os moradores da região e construir um parque linear no local das casas retiradas. “O valor que eles oferecem não é suficiente para conseguir uma outra casa”, disse ela.
Segundo Margarida, a primeira oferta feita pela construtora foi de R$ 8 mil. Diante da não aceitação, aumentaram para R$ 15 mil. Porém, com esse valor Margarida mal conseguiria dar entrada numa residência. A última proposta feita foi de R$ 27 mil. A moradora, que também é ativista da Pastoral da Criança e do curso pré-vestibular Educafro, teve de deixar as atividades de fim de semana para procurar moradia em outros locais. Chegou a encontrar uma casa, de padrão inferior à sua, na divisa com a cidade de Itapecerica da Serra (quase 40 km de distância do Grajaú).
Elito Gonçalves Dias, o Litão, foi outro convidado. Líder de associação dos moradores do Jd Gaivotas, ele confirmou o descaso do poder público na retirada dos moradores. Morador da região também há duas décadas, Litão soube de pelo menos uma centena de famílias que foram removidas de suas casas. “Na hora que as pesssoas chegam e constroem não tem fiscalização. Depois que já constituíram família, construíram sua casa e sua história, aí sim, existe a fiscalização”, lamentou, referindo-se à falta de humanidade dos governantes.
Margarida lembrou ainda que alguns de seus vizinhos, coagidos, acabaram aceitando a proposta da construtora e foram morar em regiões ainda mais periféricas que o Grajaú. No caso dela, especificamente, foi ameaçada por assistentes sociais, que disseram que a qualquer hora poderia ter a casa derrubada por tratores. Muitos conhecidos da moradora se endividaram, já que o valor da indenização não é suficiente para pagar um imóvel independente da região de São Paulo onde esteja.
A informação foi confirmada pelo engenheiro civil Ricardo Missono, que desde 1997 acompanha o mercado imobiliário e notou uma valorização de pelo menos 30% nas casas em São Paulo desde o ano passado para cá. Essa valorização, aliás, foi o que motivou décadas atrás a invasão de áreas de mananciais, como as habitadas por Margarida, Litão e milhares de outras pessoas.
Sem condições de pagar os altos preços das regiões mais centrais, essas pessoas foram empurradas para as beiradas da cidade. A falta de infraestrutura básica, como saúde, transporte e educação, o resultado é a violência e todos os indicadores negativos provenientes dela. A questão da moradia tá ligada à exclusão social
, explicou Ricardo.
A plateia participou, contando histórias de dificuldades, como o trânsito cotidiano enfrentado na avenida Belmira Marin, que corta o Grajaú, ou as antigas enchentes próximas aos campinho da garagem da Viação Bola Branca. O engenheiro ainda provocou o público: seria muito melhor se o governo criasse centros comerciais em cada distrito para que, assim, as pessoas não tivessem que viajar tanto para trabalhar, sobrando tempo para lazer e convívio social. Para ele, é papel das ONGs e movimentos sociais cobrar o governo para que ele faça alguma coisa. Litão encerrou dizendo que vai continuar a briga. Margarida garante que não arreda o pé de casa. Afinal, ali estão seus amigos, sua família, suas coisas… sua vida.
Além do debate, os participantes acompanharam à apresentação da banda de percussão Ritmos e Batuques (Pq América-Grajaú), no início, e do cantor e compositor de MPB Wagner Felipe, ao final. Também foram sorteados brindes e entregues gratuitamente cópias do documentário “Grajaú na construção da paz”.
O próximo debate já tem data marcada: vamos falar sobre EDUCAÇÃO no dia 04 de setembro (sábado), às 15hs, no CEU Navegantes. Anotaí!