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Reportagem coletiva: Marsilac, o distrito mais periférico de São Paulo – Periferia em Movimento
(Fotos: Periferia em Movimento/Virada Sustentável)

Crianças e jovens entre seis e 18 anos de idade foram às ruas do Marsilac para entrevistar os moradores (Fotos: Periferia em Movimento/Virada Sustentável)

Marsilac é o distrito mais distante do marco zero da cidade. 60 quilômetros separam uma pequena vila no Extremo Sul até o centro de São Paulo.
Pouco mais de 8 mil pessoas vivem em uma área de 208 quilômetros quadrados. Teoricamente, uma média de 25 metros quadrados para cada habitante. Mas a realidade é bem diferente.
Localizado na Área de Preservação Ambiental (APA) Capivari-Monos, o maior distrito em dimensão territorial do município abriga nascentes, cachoeiras, animais silvestres e tem a maior área verde de São Paulo.
A distância do centro urbano permite um ar puro raro na metrópole, mas também gera problemas.
Essas questões vieram à tona nas entrevistas realizadas com moradores por crianças e jovens com idades entre seis e 18 anos que participaram da oficina “Repórter da Quebrada”, realizada pelo Periferia em Movimento em uma escola local durante a Virada Sustentável, no dia 08 de junho.
“Tenho pouca expectativa para o futuro do bairro, se não houver ação do público”, diz a moradora Lucia Cirilo, que plantaria ainda mais árvores na região. Para ela, as maiores dificuldades enfrentadas pelos locais é não serem reconhecidos e valorizados pelo restante do município, que não tem consciência da importância de Marsilac, devido à preservação dos recursos naturais.
“Falta um hospital aqui e um banco. Quando precisamos fazer alguma coisa, tem que ir até Parelheiros, esperar o ônibus meia hora pra sair…”, diz o morador Nei.
Para Edna, que tem 25 anos e mora em Marsilac desde que nasceu, é preciso investir em opções de lazer para as crianças e cursos para os jovens. Ainda assim, ela acha difícil as coisas mudarem.
A opinião é a mesma de seu Hilário, que critica a proteção ambiental que impede novas construções na região.
De fato, o Marsilac não tem acervo de livros infantis, juvenis ou para adultos; não possui centros culturais ou pontos de cultura; não tem equipamentos esportivos adequados nem telecentros; não possui leitos hospitalares nem uma ambulância a serviço da população. O índice de mortes por fator externo (acidentes e homicídios) foi de 73 para cada 100 mil habitantes em 2011, segundo análises do Observatório Cidadão da Rede Nossa São Paulo.
Mas teve quem lembrasse as atividades promovidas pelo programa Escola da Família, a quadra sempre disponível para práticas esportivas e, claro, a tranquilidade comum a cidadezinhas de interior.
Para Primo, um dos moradores, a melhoria mais importante do momento é reformar o campinho de futebol. Outro habitante destaca os peixes grandes que pesca nos rios das proximidades. E um homem que se mudou da Vila Missionária após passar um final de semana em Marsilac diz que não se adapta mais ao ritmo da “cidade grande”.
Confira as imagens:


 
Apuração: Aguinaldo Batista (17), Alessandro Soares (17), Alfeu Junior (17), Andrey Klein (18), Elvis Theodoro Junior (16), Fernando (13), Gabriel Aparecido (18), Henrique (14), Jonatan Felipe (17), Kauane (6), Kayky (8), Kevin Krystin (13), Matheus Pedra (18), Paulo Victor Rodrigues (12), Renato Silva Pereira (13) Rhayka (6), Ricardo (6).
Orientação: Aline Rodrigues e Thiago Borges
Texto final: Thiago Borges
Agradecimentos: Mariana Belmont e equipe da Virada Sustentável, Escola Estadual Professora Regina Miranda Brant de Carvalho

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