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Dificuldades geraram identidade periférica – Periferia em Movimento

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O que é centro e o que é periferia? Essa dicotomia parte do próprio centro, que para ser o que é criou o conceito de periferia.
reportagem anterior do projeto “À margem da margem” aponta que o conceito de periferia surgiu na Guerra Fria para designar países sob influência das potências mundiais da época – EUA e URSS.
Mas, no ambiente urbano, a periferia é mais que uma questão geográfica.
Trata-se de uma região cujas características sociais são representadas pela dificuldade de acesso a serviços públicos ou, quando há, de má qualidade, pela quantidade de tempo para chegar ao centro, pelo maior nível de pobreza e pelo maior nível de violência”, aponta Tiaraju D’Andrea, doutor em sociologia pela Universidade de São Paulo (USP) e morador de Itaquera (zona lestede São Paulo).
Essa situação sócio-geográfica, diz D’Andrea, forjou hábitos próprios de nós, os moradores das periferias de São Paulo, que temos formas próprias de encarar a cidade que nos diferencia dos demais habitantes da metrópole.
A periferia passa a ser uma certa subjetividade, que é um modo próprio de se enxergar o mundo. Essa subjetividade é compartilhada por muitos moradores da periferia que se percebem enquanto tal”, explica D’Andrea.
Porém, o fato de saber que é morador de uma periferia não o torna um sujeito periférico, que seria aquele com capacidade de entender o mundo a partir de sua condição social e age politicamente para modificá-la.
O reconhecimento ganhou força na virada dos anos 90, com a ascensão dos Racionais MC’s e do rapper GOG (de Brasília), que pautaram a ideia de uma periferia extensa, não apenas localizada.
Esse subjetividade não representa diretamente as condições de vida de toda periferia, que varia muito, mas elege um inimigo comum”, diz D’Andrea.
O desemprego gerado pelas políticas neoliberais na década de 90 e o fechamento de postos de trabalho evidenciaram problemas sociais até então encobertos. Os índices de criminalidade explodiram no final do século 20 e bairros como Jardim Ângela se tornaram mundialmente conhecidos pelos assassinatos em massa.
Veio uma geração que continuava convocando a contradição que existia na sociedade, até porque existia uma corrente que se dizia que os problemas sociais estavam resolvidos”, nota D’Andrea. “A periferia vem como uma dupla ruptura, afirmando que a sociedade estava resolvida entre ricos e pobres. E aí tem uma geração de jovens que começa a apontar uma realidade que a sociedade não quer ver, que é a periferia”.
A falta de representatividade de partidos políticos, sindicatos e até movimentos sociais resultou na criação de coletivos culturais e expressões artísticas diversas: entre grupos de dança, hip hop, comunidades de samba, saraus e cineclubes, são mais de 9 mil existentes na cidade de São Paulo, segundo a ONG Ação Educativa.
Alternativa ao mercado de trabalho e à criminalidade, esses coletivos são meios de autoafirmação e reversão de estigmas.
E a periferia começa a ter uma formação identitária e política, para conseguir recursos como o Programa VAI”, complementa Alexandre Barbosa Pereira, professor da Universidade Federal do Estado de São Paulo (Unifesp), pesquisador do núcleo de antropologia urbana (NAU) da USP e morador de Cidade Ademar.
Dez anos após ser criado, o Programa VAI da Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura de São Paulo chega a 2013 com mais de 1.000 projetos culturais beneficiados na periferia paulistana.
Ainda assim, nota Barbosa, há uma parcela considerável de pessoas que não participam desses movimentos – sejam porque não chegam até eles ou porque não desejam, o que também é legítimo. Essas pessoas estão à margem da margem, na periferia da periferia.
Foto em destaque: apresentação da companhia teatral Trupe da Lona Preta em ocupação por moradia do Grajaú.
 
PRÓXIMO TEXTO DA SÉRIE:
A relação entre a escola, a comunidade e o funk em um artigo escrito pelo antropólogo Alexandre Barbosa Pereira.

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