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domain was triggered too early. This is usually an indicator for some code in the plugin or theme running too early. Translations should be loaded at the init
action or later. Please see Debugging in WordPress for more information. (This message was added in version 6.7.0.) in /home/periferiaemmovimento/www/teste/wp-includes/functions.php on line 6114mfn-opts
foi ativado muito cedo. Isso geralmente é um indicador de que algum código no plugin ou tema está sendo executado muito cedo. As traduções devem ser carregadas na ação init
ou mais tarde. Leia como Depurar o WordPress para mais informações. (Esta mensagem foi adicionada na versão 6.7.0.) in /home/periferiaemmovimento/www/teste/wp-includes/functions.php on line 6114por Carolina Piai, da Revista Vaidapé
“Hoje é um dia especial”.
Dizendo essas palavras, Renato Gama deu início ao show do Nhocuné Soul, na última sexta (29), no Centro Cultural São Paulo. A atividade fez parte do IV Encontro Estéticas das Periferias.
No decorrer da noite, o público, por vezes, se emocionou. Não é por menos: a banda ecoa o grito dos excluídos. Suas letras, porém, não falam apenas das mazelas sociais – são uma celebração da identidade negra. Nhocuné Soul impressionou a plateia com sua força e beleza: viam-se olhos admirados e samba nos pés. Nhocuné é uma mistura boa: tem samba, rap e jazz.
A importância daquele momento, para a banda, era inigualável. De acordo com Renato Gama, que fica na voz e no violão, tocar no Centro Cultural é crucial, pois é um espaço público, do povo. “Aqui é um lugar sagrado. Itamar Assumpção tocou aqui”, afirma, relembrando com apreço uma de suas grandes influências.
A noite, porém, também era de despedida. “O nosso baterista é um trabalhador como todos os outros da periferia e a música não banca todas as necessidades dele. Ele teve uma proposta para trabalhar em outro Estado e vai ter que ir. Esse é o último show dele enquanto Nhocuné Soul”, lamenta Renato. A falta de fomento à cultura das periferias é uma de suas grandes reivindicações. A marginalização desses artistas, porém, já se tornou rotina. “Isso é a vida, você vai sendo engolido todos os dias. É o capitalismo”.
A banda surgiu nas bordas da capital e busca o reconhecimento da identidade negra, historicamente excluída por esse sistema.
“Nhocuné é um bairro da periferia de São Paulo, na Zona Leste. Foi fundado em 1948 e era uma fazenda de escravos. Nesse lugar, os negros chamavam os donos de senhor coronel. E o negro fez uma corruptela disso: ‘nhonhocunê’. Depois, ficou ‘nhocunê’. E, então, ‘nhocuné’. As pessoas de lá tinham vergonha disso. E aí eu criei essa história de Nhocuné Soul, de identidade. Eu sou da Vila Nhocuné”.
Na sexta-feira todos esses temas vieram à tona com suas músicas. “Esses caras são bons demais”, “até me arrepiei”: balbuciava-se na plateia. A força negra ali se fez presente. Aquela noite foi, de fato, especial.