Indígenas guarani mbya pressionam por “cinturão verde” na cidade de São Paulo

Foto: Comissão Guarani Yvyrupá

Foto em destaque: Líderes guarani em colheita de milho na terra indígena/Comissão Guarani Yvyrupá

Os indígenas da etnia guarani mbya que habitam territórios no Jaraguá (zona Noroeste de São Paulo) e Tenondé Porã (Extremo Sul) pressionam o poder público municipal para a criação do “cinturão verde”. Neste dia do Índio (19/4), o assunto volta à tona e as comunidades exigem compromisso da Prefeitura paulistana. Você pode colaborar com a mobilização clicando aqui para enviar um e-mail ao prefeito Bruno Covas.

Foto: Divulgação Plano de visitação Tenondé Porã

Por meio do projeto de leite 181, elaborado em 2016, as comunidades guarani que habitam as 2 terras indígenas localizadas no município de São Paulo demandam o apoio da Prefeitura para continuar preservando, recuperando e protegendo florestas e recursos hídricos.

O projeto passou por unanimidade em primeira votação na Câmara de Vereadores e, agora, precisa de apoio para ser aprovado. Se virar lei, vai criar a Política Municipal para o Fortalecimento Ambiental, Cultural e Social das Terras Indígenas, que são áreas já reconhecidas no Plano Diretor do município desde 2015.

Veja o projeto de lei abaixo:

http://documentacao.saopaulo.sp.leg.br/iah/fulltext/projeto/PL0181-2016.pdf

“Nós, guarani, estamos construindo soluções para combater a crise ambiental e fortalecer nossa cultura tradicional, protegendo a Mata Atlântica. Nossas terras formam um cinturão verde nas periferias da capital paulista”, diz o comunicado dos indígenas.

Segundo o movimento, são mais de 2,3 mil moradores em 17 aldeias nas 2 terras indígenas em regiões periféricas da cidade. A TI Jaraguá teve seu território declarado pelo Ministério da Justiça em 2015, com 532 hectares. Já a TI Tenondé Porã, localizada em Parelheiros, foi declarada em 2016, com 16 mil hectares.

“Resistindo à pressão do modo de vida dos jurua, não-indígenas, estamos garantindo a proteção de nossas terras, chamadas de tekoa. Assim, cuidamos da Mata Atlântica, freando o crescimento destrutivo da cidade. Além disso, por meio de projetos de ecoturismo, reestruturamos visitas turísticas às aldeias como forma de conscientização ambiental e política sobre a nossa cultura tradicional”, continuam.

Isso tem permitido a manutenção do nhandereko, que é o modo de vida guarani passado e geração para geração. Mesclando tecnologias ancestrais com novas técnicas, hoje os indígenas conseguem cultivar 28 colmeias com 7 espécies de abelhas nativas, 50 espécies de batata doce, 16 de milho, 14 de mandioca, 11 de abóbora, 10 de feijão, entre outras.

Além disso, têm feito a recuperação de áreas degradadas, implementação de alternativas de saneamento básico e proteção de nascentes, entre outras soluções ecossistêmicas.

Desde 2014, essas ações são realizadas pelo Programa Aldeias, uma política pública conquistada pelos Guarani junto à Secretaria de Cultura. Agora, a ideia é não só garantir em lei a continuidade das iniciativas a longo prazo, mas expandi-las com uma política pública. Além da continuidade do Programa Aldeias, a política deve capacitar agentes públicos para trabalhar com as TIs e garantir a construção dos Planos de Gestão Territorial e Ambiental, fortalecendo-as. Saiba mais sobre o projeto aqui.

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