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Por que fazer comunicação na pandemia e na periferia é um ato político? – Periferia em Movimento

Por que fazer comunicação na pandemia e na periferia é um ato político?

Foto em destaque: Arquivo pessoal / Roger BeatJesus

Diante do agravamento da crise social, sanitária e econômica, qual é a importância da produção comunicacional nas quebradas? E como podemos usar essas ferramentas a nosso favor?

A partir desses questionamentos, entre os dias 23 de março e 1º de abril, a Periferia em Movimento realizou transmissões ao vivo com profissionais de comunicação de quebradas e favelas na série “Comunicação: Modo de fazer”.

Feitos com apoio da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc, os encontros debateram e apontaram medidas práticas para identificar uma notícia no próprio bairro, entender o funcionamento de uma rádio comunitária, utilizar o whatsapp de forma estratégica, produzir vídeos com um celular, usar o fanzine como ferramenta para expandir o alcance da mensagem e pensar a comunicação de um projeto. Assista abaixo!

No primeiro encontro, discutimos como separar o que é válido ou não em tempos de muita desinformação e saber o que é informação relevante. Para isso convidamos Semayat Oliveira, que é jornalista, escritora, roteirista e co-fundadora do coletivo Nós, Mulheres da Periferia.

“Historicamente, nas principais tragédias que o mundo enfrentou, as periferias são as mais impactadas”, apontou. “A complexidade do que é estar vivendo a pandemia na periferia não cabe numa aspa”.

No segundo dia, ouvimos o Rubê Limeira, poeta, humorista e apresentador da Rádio Comunitária de Heliópolis, em São Paulo. Ele explicou como funciona uma estação comunitária e a importância da emissora diante da pandemia.

“Num momento como esse, onde chegam bombardeiro de informação por todos os lados, é importante comunicar para dar vez e voz ao povo”, destacou.

E de que forma é possível utilizar o whatsapp para distribuir informação de qualidade? O aplicativo é muito criticado por ser ferramenta constante de disseminação de fake news, mas tem gente que tá virando o jogo com a tecnologia. Mas, na Cidade de Deus (no Rio de Janeiro), Carla Siccos administra uma lista de transmissão com mais de 10 mil pessoas.

“Tem gente que está em extrema depressão por esse afastamento”, disse ela, que é cidadã, mobilizadora e fundadora do Jornal CDD Acontece. Especialista no bom uso do aplicativo, ela seguiu com força total no momento de maior distanciamento.

“A tecnologia chegou pra gente, graças a Deus. Imagina passar por isso sem internet, como a gente ia se comunicar? As redes sociais e o whatsapp têm feito essa comunicação – meio fria, porque a gente sente falta de abraço, de estar perto –, mas a gente tem a oportunidade de continuar se comunicando”.

Falando em celular, o pequeno aparelho pode viabilizar a concretização de várias ideias sem sair de casa.

Com poucos recursos, alguns aplicativos e informações sobre ângulos e iluminação, é possível fazer muita coisa. Quem mostrou isso foi Maxuel Mello, sócio-fundador da produtora audiovisual Fluxo Imagens.

“Dar espaço para pessoas que não aparecem nos meios é um ato político, porque você tá se colocando ali também, pegando o olhar de dentro de um lugar e mostrar pra vários outros”, observou.

Pra fazer a mensagem chegar mais longe, uma opção barata e eficaz de disseminar ideias são os zines. Produtor cultural, educador e com muita experiência em publicações independentes feitas à mão, Roger Beat Jesus explicou como potencializar o uso dessa ferramenta

“Minha atuação na arte é usar o fanzine pra trazer informações ocultadas da comunidade, que possam ler e compreender”, disse.

E se você tem um projeto social, atua em coletivo, organização ou pretende criar um negócio próprio pra gerar renda na crise, Ju Dias trouxe dicas para ficar atenta na comunicação da iniciativa.

“A gente não acessava muitas coisas, falando em cenário de tecnologia, comunicação… a gente viu e teve que aprender, crescer e executar”, ressaltou ela, que é formada em Propaganda e Marketing e trabalha com pequenos empreendedores e projetos periféricos na agência Bora Lá.

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