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Inscreva-se: Oficinas gratuitas na internet ensinam yorubá e guarani – Periferia em Movimento

Inscreva-se: Oficinas gratuitas na internet ensinam yorubá e guarani

Tapalyuna dos Santos (foto: divulgação)

Fotos: Divulgação

A Coletiva Tear & Poesia de Arte Têxtil Preta Nativa está com inscrições abertas para as oficinas gratuitas de língua e cultura yorubá e guarani. Diante da pandemia, todas as atividades acontecem gratuitamente de forma virtual entre os dias 5 e 22 de outubro (mais informações abaixo).

As aulas trazem a importância dos dois idiomas na formação sociocultural do País, mostrando suas influências nos hábitos e costumes da população brasileira, seja na língua, alimentação, religião ou nas artes.

Como funciona?

As oficinas serão transmitidas por meio de vídeos gravados previamente e são livres para todos os públicos. As de yorubá acontecem de 5, 6, 7, 8, 9 e 13 de outubro, às 19h30, sendo 2 dias reservados para tirar dúvidas, e serão ministradas pelo nigeriano Prince Adewale Adefioye Adimula (faça aqui a inscrição para yorubá).

Já as de guarani serão realizadas entre os dias 19 e 22 de outubro, também às 19h30, com Tupã Sérgio e Tapaiyuna dos Santos kitãulhu (foto em destaque), ambos da Aldeia Tape Mirim, que integra as terras indígenas de Parelheiros (Extremo Sul de São Paulo). (Faça aqui a inscrição da oficina de guarani).

Raízes

Idealizados por mulheres reunidas na Coletiva Tear e Poesia, que existe na zona sul de São Paulo há 20 anos, os encontros on-line integram o ‘Projeto Pangeia Entre Elos: Palavra de Mulher’, que tem como objetivo pesquisar as teorias da pangeia e a relação dos grafismos africanos com os grafismos nativos das populações indígenas brasileiras.

Coletiva Tear e Poesia (foto: Divulgação)

Chama-se pangeia o fenômeno ocorrido há mais de 200 milhões de anos, quando os continentes formavam uma única massa. O “supercontinente” foi pouco a pouco se separando em pedaços, a partir de acontecimentos naturais, transformando-se no que hoje conhecemos.

Segundo Rita Maria, coordenadora da coletiva, o intuito com as oficinas é dar uma base cultural e linguística às pesquisas que a organização realiza em 2020 sobre as similaridades entre esses grafismos. Até o fim do ano a coletiva pretende também lançar um livro em bordados e textos trazendo a pesquisa da ancestralidade africana e indígena e como se relacionam às vivências das mulheres nas periferias. Bordam em forma de luta por igualdade e valorização das identidades negras e indígenas.

O yorubá e sua importância no Brasil

Prince tem 50 anos e nasceu na cidade de Ilê Ifé, estado de Osun, na Nigéria. Ele chegou ao Brasil em 2001 e, em 2019, também naturalizou-se brasileiro. Desde a chegada, é sacerdote Baba Adimula em casas de religião de matriz-africana.

Prince Adimula (foto: divulgação)

É líder de jovens africanos da Comunidade Yorubá de São Paulo e atua, ainda, no Centro Cultural Adimula Oodua, promovendo o intercâmbio cultural e histórico entre brasileiros e nigerianos, trazendo importantes figuras religiosas para cá ou realizando excursões para distintas regiões da Nigéria.

“O Yorubá é muito usado no Brasil como ferramenta da liturgia nos cultos de Candomblé. A raiz é única, mas há particularidades que recebeu em território brasileiro, se diferenciando daquele que é falado na Nigéria, Benin ou Costa do Marfim”.

A importância da língua e cultura guarani

As oficinas de guarani serão orientadas por Tupã Sérgio e Tapaiyuna dos Santos kitãulhu, ambos da Aldeia Tape Mirim (Tenondé Porã), em Parelheiros Agricultor, Tupã Sérgio entende que “a cultura brasileira é a cultura guarani”.

Para ele, aprender a língua é uma forma de colaborar com as lutas dos povos indígenas, já que ainda há muitos preconceitos e estereótipos ligados aos povos que vivem em regiões urbanas. “É importante aprender para também ter respeito e valorizar a nossa cultura. Uma pessoa veio aqui e disse que éramos ‘modernos’ porque tínhamos celular e vestíamos roupas”, explica.

Para Tupã Sérgio, um dos maiores ensinamentos que obteve com seus mais velhos foi o Xondaro, conhecida como a arte marcial dos guaranis, servido também como um ritual de transição da adolescência para a vida adulta dos indígenas guaranis, com aspectos tanto físicos, quanto comportamentais e espirituais.

“Isso me influenciou bastante. Na prática do Xondaro, aprendi a plantar, respeitar a natureza, os animais e as crianças”, diz.

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