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“Naturalização da morte”: Supervisores de escolas do Extremo Sul de SP questionam volta às aulas – Periferia em Movimento

“Naturalização da morte”: Supervisores de escolas do Extremo Sul de SP questionam volta às aulas

De que forma é possível garantir o distanciamento físico entre crianças, especialmente nos horários de entrada e saída? No caso de bebês que precisam ser carregados no colo, como o funcionário responsável vai se higienizar entre um e outro? Como rastrear pessoas que tiveram contato e objetos utilizados por educadores que testarem “positivo” para covid-19?

Essas e outras dezenas de perguntas fazem parte de um manifesto assinado por 27 supervisores escolares da Diretoria Regional de Ensino – DRE Capela do Socorro, no Extremo Sul da cidade de São Paulo.

Essa DRE é responsável por gerir unidades educacionais da rede de ensino da Prefeitura de São Paulo nos distritos de Cidade Dutra, Grajaú, Marsilac, Parelheiros e Socorro, com 4,3 mil funcionários atendendo a mais de 82,5 mil estudantes em 237 escolas da região.

Na carta, que foi publicada em 29 de julho, o grupo se coloca contra o retorno precoce ao atendimento presencial nas escolas devido à pandemia de coronavírus e faz uma série de questionamentos sobre o protocolo elaborado pelo Governo do Estado. Clique aqui para ler na íntegra.

“A pandemia trouxe consequências graves para a vida de milhares de pessoas e ainda continua produzindo tragédias humanas, econômicas e sociais, gerando incertezas, distúrbios emocionais e até comportamentos negacionistas, o que nos leva à certeza de não haver condições possíveis para o retorno garantindo a segurança de nossos bebês, crianças, jovens, adultos e profissionais da educação”

Manifesto

A supervisão escolar aponta problemas já vivenciados durante a pandemia, como a distribuição das “Trilhas de Aprendizagens” (materiais impressos enviados aos alunos, muitas vezes com atraso) e do cartão-merenda; a dificuldade no acesso à plataforma digital Classroom, entre outras.

Também ressalta a necessidade de ouvir a população, por meio dos conselhos de escola e de outros fóruns, além de sindicatos e movimentos sociais que vivem o “chão da escola”.

E o grupo reforça que o retorno se dá por pressão de setores específicos com interesses econômicos em detrimento à preservação da vida. “É a naturalização da morte”, diz o texto.

Confira abaixo os principais questionamentos:

– Para retirada dos bebês e das crianças sem entrada das famílias ou condutores escolares no interior escola: Como realizar a “chamada” desta criança para saída, considerando a quantidade de funcionários?

– Como garantir que as crianças aguardem em pátios ou outros espaços relativamente próximos dos portões de saída sem que haja aglomerações e mantendo o distanciamento de 1 metro entre estas?

– Caso a criança aguarde nas salas de referência a chegada do responsável, sem que este adentre à escola, com qual funcionário/educador as unidades contarão para conduzi-la até o portão de saída?

– E como fica o deslocamento dos bebês que necessitam de colo? Como será realizada a desinfecção deste educador entre as crianças por ele conduzidas para saída?

– Se o responsável entrar na escola para retirar a criança, como fica o fluxo de pessoas no prédio, considerando que muitos contam com corredores ou escadas únicos e estreitos – inviabilizando o distanciamento?

– Em caso de sintomas de covid-19, o estudante poderá retornar às aulas somente após liberação médica, como garantir às famílias o atendimento no serviço de saúde com expedição da alta médica para retorno do estudante às aulas?

– E no caso de um teste positivo em adulto, como garantir identificação e liberação dos locais e objetos utilizados pelo “testado positivo” para limpeza e desinfecção protocolar, considerando a ocupação dos espaços na rotina escolar e a dinâmica do trabalho dos profissionais que nela atuam?

– Haverá uma testagem em massa para todos os envolvidos no processo educacional: educandos e profissionais da educação? “A ausência deste procedimento nos assusta e deixa claro a inviabilidade do retorno às aulas no corrente ano”, diz o documento

– As lavanderias de todas as unidades serão equipadas com máquinas de levar e secar, considerando que os panos de limpeza só devem ser reutilizados após lavagem com água e sabão, secados ao sol e passados com ferro quente?

– Como equacionar tempos para garantia de cuidados de limpeza de mesas, cadeiras, equipamentos e materiais de cozinha e refeitório no atendimento aos intervalos entre os horários de distribuição das refeições nas unidades?

– Como garantir registros e arquivamentos desses registros para transporte escolar gratuito ou particular de crianças?

– O protocolo prevê ainda o uso de máscaras no transporte escolar por estudantes da Educação Infantil e não recomenda o uso nas atividades dentro da escola. Ou seja, antes de entrar na escola, as crianças deverão retirar e guardar as máscaras usadas na perua e, na volta para casa, colocar outras máscaras limpas. Como garantir esse procedimento entre crianças de 4 e 5 anos?

– Como garantir aferição da temperatura sem aglomerações e com distanciamento físico? Vale ressaltar que a aferição em si não garante a segurança, uma vez que a maior parte das crianças é de assintomáticas

– Onde os estudantes guardarão suas máscaras enquanto se alimentam? Os estudantes receberão copos ou canecas individuais? Como será organizada a identificação, limpeza, higienização e armazenamento desses utensílios durante o período das aulas, em especial para a Educação Infantil?

– Quais ações efetivas entre secretarias serão realizadas para atendimento na perspectiva da Rede de Proteção Social ao posto no protocolo?

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