Adeus à distância: Memorial virtual homenageia vítimas da covid-19

O dia 24 de março de 2020 ficou marcado para Marta Moura: seu tio Paulo Andrade de Moura faleceu aos 60 anos, vítima da pandemia de coronavírus, e a família não pode dar o último adeus. “Todos sabemos que quem morre de covid-19 não tem direito a velório e despedida”, diz Marta, que mora há 49 anos na Vila Fundão (Capão Redondo, Zona Sul de São Paulo). Paulo deixou esposa e 02 filhos.

A forma que Marta e os parentes encontraram de homenageá-lo foi publicando uma foto sua com um texto, apontando características das quais todos vão se lembrar: Paulo era bondoso, trabalhador, honesto. “Pra minha família foi muito importante por conta dessa dor de não poder ver seu parente, se aproximar do caixão, olhar a pessoa que ama. Foi uma forma linda de homenagear e dizer que a gente ama ele, e eu pude fazer uma declaração linda pra ele”, diz a sobrinha.

Mais de 60 relatos já compõem o Memorial das Vítimas do Coronavírus no Brasil, hoje uma página no Facebook que resgata histórias de vida, as circunstâncias da morte sob a pandemia e garante um espaço para homenagens às vítimas fatais de covid-19. O objetivo é defender o direito à memória, à verdade, e ao luto digno e eventuais reparações.

A iniciativa é da Rede de Apoio às Famílias de Vítimas Fatais de Covid-19 no Brasil, uma articulação entre movimentos, entidades da sociedade civil e órgãos públicos que estão se movimentando para prestar apoio a parentes de quem foi vitimado pelo coronavírus.

Para mais informações sobre o Memorial (inclusive envio de relatos), sugestões para a Rede em formação entre outras contribuições, entre em contato por e-mail ([email protected]) ou Whatsapp e Telegram (11 93011 3281).

Para Marta, a iniciativa é coerente e agrega em um momento em que familiares e amigos estão fragilizados com a perda. “O Memorial será um grande documento no futuro, onde os depoimentos dos familiares e amigos estarão em ênfase”, aponta.

Da Vila Fundão, aonde trabalha como pastora evangélica, em ações culturais e sociais diversas, ela se prontifica a ajudar no que for preciso nesse momento de sofrimento mas também de solidariedade. “Batalhar pelo próximo é o maior bem que você pode fazer por você mesmo”, completa.

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