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Terreiro de candomblé promove 10º Encontro da Pessoa Negra de Parelheiros – Periferia em Movimento

Terreiro de candomblé promove 10º Encontro da Pessoa Negra de Parelheiros

O Centro de Cultura Afro Brasileira Asé Ylê do Hozoouane, por meio do Ponto de Cultura Ylê – Projeto Angorô, promove no próximo domingo (27 de novembro) seu 10º Encontro da Pessoa Negra de Parelheiros. Apesar do Centro de Cultura Afro Brasileira ser originário do terreiro de canbomblé Asé Ylê do Hozoouane, o encontro não é religioso.

Além de diversas atrações artísticas, entre música, dança, teatro, poesia, exposições, entre outras, o encontro realiza um concurso de beleza negra com objetivo de combater o racismo, enaltecer a a cultura e a identidade afro-brasileiras e promover a valorização pessoal dos candidatos. No concurso, serão avaliadas simpatia, elegância, desenvoltura, beleza e postura de homens e mulheres negros. As inscrições podem ser feitas até o dia 25 de novembro pelo formulário on-line ou no endereço abaixo.

Trabalho social

A atuação sócio-cultural é apenas um dos trabalhos desenvolvidos pelo Ylê do Hozoouane, que também desempenha sua função social com projetos assistenciais que tentam minimizar a desigualdade social e a pobreza que a população do seu entorno se encontra, além de projetos de preservação ambiental.

“Quando chegamos aqui, não havia água, luz nem transporte, e só algumas casinhas”, explica Luiz Antonio Katulemburange Amorim, 62 anos, pai de santo do terreiro Asé Ylê do Hozoouane, que se mudou para Parelheiros em 1980.

Desde então, a população da subprefeitura de Parelheiros aumentou quase 400%. Hoje, cerca de 150.000 pessoas vivem na região. O impacto é visível no dia a dia dos povos de terreiro – isso porque, nas religiões de matriz afro, os orixás são divindades da natureza e elementos como a terra, a água e o ar são fundamentais para realizar os ritos.

Katulemburange, pai de santo do terreiro de candomblé Asé Ylê do Hozoouane, em Parelheiros. (Foto: Thiago Borges)

Katulemburange, pai de santo do terreiro de candomblé Asé Ylê do Hozoouane, em Parelheiros. (Foto: Thiago Borges)

“Temos que ir cada vez mais longe para encontrar um local adequado para fazer nossas oferendas ou buscar as plantas que precisamos”, explica Katulemburgange. Natural de Itabuna (BA), ele foi iniciado no candomblé aos 12 anos de idade. Aos 20, veio para São Paulo acompanhar a mãe em uma cirurgia do coração e nunca mais voltou. Aqui, passou a atender pessoas em uma casa alugada no Jabaquara. Entretanto, precisava viajar até Mongaguá para buscar folhas ou fazer rituais em cachoeiras.

“Se mudar para cá foi uma exigência de Obaluaiê. Meu orixá é o senhor da terra, o princípio e o fim. Por isso viemos para cá, pois aqui está a natureza”, diz ele, que foi atraído pelos recursos naturais existentes em Parelheiros. Com a ocupação crescente, isso se tornou mais escasso, então Katulemburange cultiva mudas de romã e cânfora, entre outras.

A chegada de novos moradores (e surgimento de novos problemas) também motivou a ampliação da atuação do Asé Ylê para além do campo religioso. Hoje, o espaço realiza distribuição de leite, cursos profissionalizantes em diversas áreas, ensino de idiomas e pré-vestibular, entre outros. E, como a região abriga pelo menos outros dez terreiros de umbanda ou candomblé, o pai de santo promove cursos de educação ambiental para conscientizar outros sacerdotes sobre a preservação dos pontos onde realizam as oferendas.

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