Nem de esquerda nem de direita. Republicana vagina. Do patrão ao trabalhador, todos os filhos de Deus passaram por ela: a santíssima prexeca Nossa Senhora da Buceta.
E, por isso mesmo, foi elevada ao altar sagrado do teatro pelo Núcleo Divinas Tetas, formado por integrantes de três companhias do Grajaú – Humbalada, Ruídos e Enchendo Laje & Soltando Pipa.
A cena com as irmãs “bucetinas” interpretando um canto gregoriano é uma das muitas chacoalhadas que o público recebe em “Pau Nu Ku”, espetáculo que mistura banda e teatro para questionar o machismo, racismo e classismo vigentes em nossa sociedade patriarcal.
“Surgiu de forma bastante despretensiosa, numa conversa de bar sobre fazer algo a respeito de assuntos que as pessoas não querem falar”, explica Cristiane Rosa, integrante do grupo.
“Ultimamente tudo é muito chato no teatro, muito cabeção, tudo com a proposta de jorrar um discurso, e a gente queria experimentar essa estética”, completa Bruno César. “Mas não tem como falar de ruptura e transgressão sem falar de sexo”.
Baseado em poemas de Augusto dos Anjos, Allen Ginsberg e Marcelino Freire, o núcleo desenvolveu músicas e cenas que tratam da objetificação do corpo – principalmente o da mulher negra –, homossexualidade, religião e as relações entre o sexo e quem exerce o poder político.
“Michel Foucault fala que tudo que é segredo social se torna uma relação de poder”, explica Bruno.
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