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A Bíblia levou um evangélico e um ateu à convicção – Periferia em Movimento

Foto: Divulgação
Bruno Oliveira Lima (foto) estudou tanto a Bíblia que virou ateu.
O fotógrafo de 32 anos, que vive na Vila São José (Extremo Sul de São Paulo), foi criado na Igreja Católica e, desde os sete anos, participava de novenas e acompanhava a família em campanhas de arrecadação e distribuição de alimentos aos mais pobres. A igreja era sua principal fonte de conhecimento.
“Mas quando li a Bíblia de uma forma história, não consegui visualizar aquilo como fato”, diz Bruno, que em busca de respostas fez catequese, primeira comunhão e treinamento de liderança cristã. “Passei boa parte da minha adolescência desenvolvendo essa ideia, já que eu enxergava isso [o que estava escrito na Bíblia] como aquilo que era certo”.
Aos 18 anos, com acesso à livros de filosofia, ciências e a descoberta da teoria da evolução de Darwin, a mente de Bruno se abriu e ele começou a se libertar de certas amarras da religião.
Até os 22, continuou buscando respostas em outras religiões. A convite de amigos, foi uma vez a uma igreja pentecostal, mas não se convenceu; depois, estudou budismo e o harekrishna; e por dois anos, frequentou o Santo Daime, que surgiu na Floresta Amazônica.
“Acho que quando frequentei o Daime já não tinha uma conexão com a religião, mas sim com a cultura. Foi uma experiência cultural, antropológica”, explica Bruno, que assumiu seu ateísmo e não se sente discriminado por sua convicção, apesar de sentir um certo estranhamento por parte das outras pessoas. “Hoje, sou um ateu sem mágoa nenhuma com religiões, pois eu descobri que não preciso disso para viver. Minha mágoa é com pessoas que usam isso para benefício próprio”.
No extremo da não-fé de Bruno, está Felipe Nascimento Costa.
Morador do Parque Doroteia, em Pedreira (zona Sul), o jornalista de 23 anos frequenta quatro vezes por semana o templo da Igreja Assembleia de Deus em seu bairro.
“Minha mãe sempre foi evangélica e levava a mim e minha irmã mais nova à igreja quando crianças. Ela nunca nos obrigou a ir, a gente gostava”, diz Felipe, que teve sua educação pautada pela Bíblia e hoje é um evangélico convicto – o que não significa aceitar as práticas de pessoas que dizem professar a mesma fé.
“Quando estourou na mídia questões como pastores que transformam igrejas em empresas, casamento gay, Feliciano, etc, eu ouvia coisas do tipo: ‘Vocês crentes são ridículos, preconceituosos’; ‘Esses pastores só roubam e fazem vocês de trouxas’”, lembra ele.
Felipe condena quem utiliza a fé para enriquecer, respeita as decisões dos homossexuais e não concorda com os discursos de ódio do deputado federal Marcos Feliciano (PSC-SP), que considera um exemplo de como não ser evangélico. “As pessoas acham que pelo fato de ser evangélico você compactua com essas coisas”.
Tanto o ateu Bruno quanto o evangélico Felipe consideram que o respeito é a melhor forma para combater a intolerância. “Quanto mais conhecemos sobre o diferente, mais clareza e entendimento teremos sobre o outro e ele sobre nós”, conclui Felipe.
 
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