Notice: Function _load_textdomain_just_in_time was called incorrectly. Translation loading for the web-stories domain was triggered too early. This is usually an indicator for some code in the plugin or theme running too early. Translations should be loaded at the init action or later. Please see Debugging in WordPress for more information. (This message was added in version 6.7.0.) in /home/periferiaemmovimento/www/teste/wp-includes/functions.php on line 6114

Notice: A função _load_textdomain_just_in_time foi chamada incorretamente. O carregamento da tradução para o domínio mfn-opts foi ativado muito cedo. Isso geralmente é um indicador de que algum código no plugin ou tema está sendo executado muito cedo. As traduções devem ser carregadas na ação init ou mais tarde. Leia como Depurar o WordPress para mais informações. (Esta mensagem foi adicionada na versão 6.7.0.) in /home/periferiaemmovimento/www/teste/wp-includes/functions.php on line 6114
516 anos de golpe – Periferia em Movimento

Em tempos de golpe institucional em Brasília, como ficam aqueles que vêm enfrentando golpes à própria existência desde 1500, quando as primeiras caravelas portuguesas aportaram nessas terras que depois viriam a ser chamadas de Brasil?

No último sábado (03/09), durante os “Diálogos Marginais” organizados pela Cia Humbalada de Teatro, no Grajaú, o Periferia em Movimento conversou com Guarani Mbya que vivem em Parelheiros, no Extremo Sul de São Paulo.

08092016_ guarani mbya_ tenondé 2

Foto: Periferia em Movimento

A região abriga a terra indígena Tenonde Porã, com as aldeias Barragem e Krukutu, que juntas somam apenas 26 hectares. Quase 2 mil pessoas vivem nas aldeias, o que gera uma densidade demográfica de 26 pessoas por hectare – considerada alta para o modo de vida guarani mbya.

A terra indígena foi demarcada em 1987, na mesma época da regularização da TI Jaraguá, na zona Norte de São Paulo, com apenas 1,7 hectare – a menor terra indígena do Brasil.

Com a Constituição de 1988, que estabelece novos parâmetros para demarcação de terras, os guarani mbyá passaram a reinvindicar a ampliação de seus territórios. O processo da Tenondé Porã teve início em 2002 e se arrastou ao longo de uma década, até ser aprovado pela Funai entre 2012 e 2013, já no governo Dilma.

Desde então, os indígenas iniciaram uma intensa campanha para que o ex-Ministro da Justiça José Eduardo Cardozo assinasse as portarias declaratórias que reconhecem as terras indígenas Jaraguá e Tenondé Porã, incluindo manifestações na avenida Paulista, o travamento da Rodovia dos Bandeirantes e mais recentemente a ocupação de prédios públicos federais, incluindo o da Presidência da República em São Paulo.

A primeira portaria foi assinada em maio do ano passado, com a ampliação de 532 hectares para os guarani mbya da Zona Norte.

A portaria declaratória que reconhece a Tenondé Porã só foi assinada no início de maio deste ano, com a destinação de 16 mil hectares entre o Extremo Sul de São Paulo e os municípios de São Bernardo do Campo e Itanhaém para os guarani mbya.

“Essa portaria é importante pra nós. Não é uma demarcação física, mas é uma grande conquista pra gente”, observa Isaque Karaí Jegakua, uma das lideranças da Tekoa Tenondé Porã.

Vitória nos 45′ do segundo tempo X Novas ameaças golpistas

Assim como aconteceu com eles, outras 11 terras indígenas tiveram a publicação de portarias declaratórias entre abril e maio de 2016 – entre a votação do impeachment de Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados e seu iminente afastamento provisório pelo Senado Federal.

08092016_ guarani mbya_ tenondé 4

Foto: Periferia em Movimento

Segundo o Instituto Socioambiental (ISA), desde 1985 a gestão da petista é o que menos reconheceu terras indígenas em todo Brasil: foram apenas 2 milhões de hectares entre 2011 e 2016, contra 13,6 milhões nos governos Lula (2003 a 2010), 35,9 milhões com FHC (1995 a 2002), 7,2 milhões com Itamar (1992 a 1994), 25,8 milhões com Collor (1990 a 1992) e 9,8 milhões com Sarney (1985 a 1990).

Com a entrada do governo provisório de Michel Temer, e que se tornaria definitivo meses depois, o novo Ministro da Justiça Alexandre de Moraes chegou a declarar ao jornal Folha de S. Paulo que poderia revogar as demarcações recentes, acendendo o alerta nos povos indígenas do Brasil. Dias depois, ele desmentiu a intenção de “desfazer” as demarcações.

Ainda assim, Karaí Jegakua teme uma mudança brusca sem qualquer aviso prévio. Outro temor é a retomada da discussão da PEC 215, a Proposta de Emenda da Constituição que transfere a competência pela demarcação de terras do governo federal para o Congresso Nacional.

Em agosto, logo após ser eleito presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM) garantiu que o assunto não será pautado durante seu mandato, que vai até fevereiro do ano que vem.

O texto preocupa os indígenas porque pode jogar a decisão sobre seu futuro nas mãos de deputados que representam os ruralistas – responsáveis pelos conflitos de terra e o genocídio indígena no interior do País. “Nossa luta não para”, garante Karaí Jegakua.

Invisibilidade

Apesar de pouco noticiado, São Paulo tem a quarta maior população indígena do Brasil: há 13.000 índios morando na cidade, que fica atrás apenas de municípios do estado do Amazonas – e a maioria não vive em aldeias.

Se considerarmos apenas a população indígena urbana, São Paulo salta para o primeiro lugar com 11.900 pessoas, segundo o censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em todo País, as cidades abrigam 315.180 dos 817.963 indígenas brasileiros.

Porém, a ONG Opção Brasil questiona os dados do IBGE e estima que 50.000 índios estariam vivendo na capital paulista. Em toda a Grande São Paulo, seriam 90.000 pessoas de 53 etnias diferentes.

Entre os povos que habitam a metrópole, estão o guarani (de toda América do Sul), o pankararu, o fulni-ô e o atikum (Pernambuco), o kariri-xocó (Alagoas), o pankararé (Bahia) e o potiguara (Paraíba), entre outros.

Autor

Apoie!