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CAPS Grajaú: 26 anos de luta pelo direito à cultura – Periferia em Movimento

Maria Vilani veio do Ceará para o Grajaú, no Extremo Sul de São Paulo. E, em mais de 40 anos de moradia na região, integrou lutas por educação, saúde, transporte, asfalto.

“Nada nos é dado. Ninguém chega pra nós e entrega assim alguma coisa. É luta”, diz.

Mas não bastava: faltava o alimento para a alma.

Era 1990 e não existiam equipamentos culturais no Grajaú – ainda hoje, o distrito mais populoso de São Paulo conta com apenas uma casa de cultura. Com outras pessoas, Vilani fundou então o Centro de Arte e Promoção Social – CAPS Grajaú.

“São 26 anos de coragem de lutar pelo que nos torna humanos. E o que marca nessa caminhada é o fato de que nós não estamos sozinhos. Existem muitas frentes, muita gente tomando consciência e lutando pela promoção humana”, observa.

Nesse período, o CAPS Grajaú já promoveu rodas de conhecimento, debates, cafés filosóficos, oficinas de literatura e eventos como a Carreata Poética, que neste ano homenageia o escritor Solano Trindade em Embu Guaçu (Grande São Paulo).

Desde o final do ano passado, Lucimeire Juventino é a responsável por mediar as rodas de estudos afrobrasileiros. “O objetivo é fazer com que a gente consiga se encontrar e ter contato com a história que não nos foi contada e que podemos construir nossa própria história”, aponta. Neste sábado (27), acontece mais uma roda, na sequência de uma conversa sobre educação. Confira programação no final da matéria.

Viviane Pereira vem de longe: uma vês por mês, sai do Tatuapé rumo ao Extremo Sul para falar de música no Pingado Filosófico, um encontro voltado para adolescentes a partir dos 13 anos. “Resultado de tudo isso é que, a cada mês, a gente só enriquece e aprende mais”, diz ela.

No último sábado (20 de agosto), com uma série de atividades e dezenas de artistas, o CAPS celebrou essas conquistas – que não ficam restritas apenas à organização.

“Toda essa efervescência de arte que temos na periferia é luta de seus moradores, de pessoas que acreditam em si, acreditam na troca, e acreditam que a cultura é um meio da gente nos reconhecer enquanto seres humanos”, completa Vilani.

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