web-stories
domain was triggered too early. This is usually an indicator for some code in the plugin or theme running too early. Translations should be loaded at the init
action or later. Please see Debugging in WordPress for more information. (This message was added in version 6.7.0.) in /home/periferiaemmovimento/www/teste/wp-includes/functions.php on line 6114mfn-opts
foi ativado muito cedo. Isso geralmente é um indicador de que algum código no plugin ou tema está sendo executado muito cedo. As traduções devem ser carregadas na ação init
ou mais tarde. Leia como Depurar o WordPress para mais informações. (Esta mensagem foi adicionada na versão 6.7.0.) in /home/periferiaemmovimento/www/teste/wp-includes/functions.php on line 6114“Quando junho foi pra rua, aí vocês sentiram um pouco do que a gente sente todo dia na periferia. Mas aqui é de borracha. Lá na favela, a bala mata”
Assim Débora Silva começou a conversa com quem lotou a Matilha Cultural no evento “Nós Outras”, no dia 04 de maio. Palavras de uma mãe que, assim como outras mais de 500, perderam seus filhos para as balas do Estado em maio de 2006.
Já são 10 anos dos Crimes de Maio, que ficaram marcados de formas bem diferentes pra quem vive em São Paulo. Enquanto a classe média via o caos na TV e se trancava em casa (cancela aula, cancela consulta, cancela trabalho), as periferias não podiam parar. Tinha que trabalhar, o filho tinha que ir pra escola enquanto isso, e quem tava na rua se arriscava em meio aos toques de recolher.
De lá pra cá, a marcha fúnebre prossegue nas quebradas: por ano, quase 60 mil pessoas são assassinadas no País. E as Mães de Maio transformaram o luto em luta, cresceram e seguem juntas para impedir mais injustiças. Hoje, são mães de junho, setembro, do ano inteiro. O gatilho não deixa de ser disparado.
“O Estado nos deve. Nós não somos fábricas de marginais. Quantos filhos de quantas mulheres não estão mais aqui?”, questiona Irone Santiago, que vê seu filho há dois anos ser paraplégico, tentando se recuperar após ter seu carro alvejado por policiais no Complexo da Maré.
“Parece que é vicio matar, e só matam dentro da favela”, diz Irone, que não vê com boas perspertivas as próximas eleições e o momento político. “O que me deixa mais indignada é que esse mesmo exército pode invadir de novo a Maré, tem eleições esse ano, mas tô desacreditada. Então, como dizem, é nóis por nóis”, diz Irone.
No fim de abril, Dilma encaminhou o projeto que acabará com os Autos de Resistência para o Congresso, mas com a atual crise, não se sabe muito o que esperar dos próximos dias. “Esperamos que o projeto passe, mas não acredito que vá acontecer antes da votação do impeachment. Tudo está dependendo disso e do que vai vir depois… enquanto nada se resolve lá, nossa pressão é na rua”, afirma Vera Lúcia dos Santos.
Os Crimes de Maio, no entanto, seguem sem investigação. Desde 2009, a Defensoria Pública do Estado de São Paulo, ONG Conectas e outras organizações têm solicitado a federalização dos inquéritos arquivados pelo Judiciário paulista. Porém, nesta segunda-feira (09 de maio), o procurador-geral da República Rodrigo Janot encaminhou pedido à Polícia Federal para investigar uma chacina que aconteceu no Parque Bristol no período e deixou cinco mortos, segundo o G1.
A luta segue: neste maio de 2016, ocorre uma agenda repleta de encontros, debates e mobilizações para relembrar o massacre e permanecer em vigíla. Dos dias 11 a 13 de maio, acontece o I Encontro Internacional de Mães e Familiares Vítimas do Estado Democrático. No dia 13 de maio, acontece o Cordão da Mentira no Largo São Francisco.
“Em 10 anos, não vimos nossos filhos crescerem, não demos a atenção devida pros outros filhos e ali debaixo da terra não tem só cimento como falam, tem muita história. Nossa luta hoje é pelos outros, para que não acabem assim”.