Notice: Function _load_textdomain_just_in_time was called incorrectly. Translation loading for the web-stories domain was triggered too early. This is usually an indicator for some code in the plugin or theme running too early. Translations should be loaded at the init action or later. Please see Debugging in WordPress for more information. (This message was added in version 6.7.0.) in /home/periferiaemmovimento/www/teste/wp-includes/functions.php on line 6114
Notice: A função _load_textdomain_just_in_time foi chamada incorretamente. O carregamento da tradução para o domínio mfn-opts foi ativado muito cedo. Isso geralmente é um indicador de que algum código no plugin ou tema está sendo executado muito cedo. As traduções devem ser carregadas na ação init ou mais tarde. Leia como Depurar o WordPress para mais informações. (Esta mensagem foi adicionada na versão 6.7.0.) in /home/periferiaemmovimento/www/teste/wp-includes/functions.php on line 6114 Sem sinal: A batalha pra solicitar o auxílio de R$ 600 onde o celular não pega – Periferia em Movimento
Estrada do Colônia, Parelheiros (Foto: Matheus Oliveira/Periferia em Movimento)
Como outros 20 milhões de brasileiros, Cássia Aparecida Monteiro também tentou se cadastrar no sistema do governo federal para solicitar o auxílio emergencial de R$ 600 no período de distanciamento social. “Vai me ajudar a comprar mantimentos pra casa, pagar a conta de água que tá atrasada”, diz ela, que mora com o filho João Gabriel no Colônia Paulista, bairro localizado no distrito de Parelheiros (Extremo Sul de São Paulo).
O governo lançou o site e o aplicativo nesta terça-feira (07/04), gerando uma corrida entre quem depende do dinheiro pra enfrentar a pandemia de coronavírus. Mas um fator surpreendeu Cássia e outros moradores de bairros afastados das periferias: a necessidade de ter um número de celular para receber uma mensagem de texto com um código para confirmar a realização do cadastro.
O problema é que, a mais de 40 quilômetros do centro da cidade de São Paulo, milhares de pessoas estão fora da área de cobertura das empresas de telefonia móvel. “Pra receber o código, eu teria que subir em cima da laje pra tentar pegar sinal, porque a Vivo não pega aqui na minha casa. Nenhuma operadora pega. Tem que subir na laje, ir até o ponto de ônibus, não funciona direito”, conta Cássia.
Em 2019, uma reportagem do Desenrola e Não Me Enrola apontou que o extremo da zona Sul de São Paulo é “um ponto cego” na cobertura do sinal. A matéria mostra ainda que, de acordo com dados do mapeamento da Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil), existem mais 6.800 antenas de celular na cidade de São Paulo – a maior parte está concentrada nos bairros da região central.
Para sorte de Cássia, uma sobrinha que mora na zona Oeste da cidade fez o cadastro pra ela. Mas nem todo mundo tem esse recurso. “Tem gente indo até o centro de Parelheiros pra usar o celular”, diz ela, referindo-se ao ponto mais urbanizado do distrito, a 06 quilômetros do Colônia Paulista.
Já
o barbeiro Sidnei Silva Chagas tentou várias vezes obter o sinal,
mas “nem um pauzinho” preencheu. Além da internet fixa lenta, o
que faz o sistema ficar mais demorado, no bairro do Barragem ele
também não consegue receber o SMS por falta de cobertura.
Sidnei
mora com a esposa e 02 crianças e é microempreendedor individual
(MEI). A esposa é cadastrada no Bolsa Família e vai receber o
auxílio. “O auxílio e muito importante pra alimentação e outras
coisas”, diz ele, que está sem trabalhar desde que o governo
estadual determinou o fechamento dos comércios.
No site do governo federal, o Ministério da Cidadania explica que pessoas que não tenham celular ou acesso à internet podem fazer o cadastro presencialmente em alguma casa lotérica ou agência bancária da Caixa. Porém, não é uma medida tão simples.
Sidnei vai aguardar para ver se consegue receber o código por mensagem de texto. Caso contrário, precisará se locomover até a lotérica mais próxima, distante a 10 quilômetros de sua casa, ou na agência da Caixa, a 20 quilômetros.
Além
do trajeto de meia hora de ônibus, tem o percurso a pé. Sua irmã
Sidineia Chagas, que também mora no Barragem, teria que andar 15
minutos até chegar ao ônibus. Como a Periferia em Movimento já
relatou, o transporte público é insuficiente e há pessoas que
caminham 1h para pegar o coletivo.
“Desde
que começou o período da quarentena, eu não saí de casa. Eu acabo
violando o distanciamento, mas pra pegar ônibus eu também preciso
pagar a condução – e nem isso a gente consegue garantir às
vezes”, explica Sidineia, que é educadora social. “Existe ciclo
de dificuldades em que a gente já está inserido”.
Na porta de lotérias e agências da Caixa, as filas se estendem pelas calçadas, contrariando a própria recomendação do Ministério da Saúde de evitar aglomeração para prevenir o contágio de coronavírus.
Sidineia,
que coordena o projeto de biblioteca comunitária no Colônia, agora
trabalha em casa com apoio da organização. Mas com o distanciamento
ela deixou de fazer trabalhos que complementavam a renda. Por isso,
recorreu à irmã que vive em Interlagos para finalizar o cadastro e
receber o auxílio emergencial. “Não é dinheiro do governo. É um
dinheiro nosso, dos nossos impostos”, completa.