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Com educação sob ataque, cursinhos populares pavimentam caminho das periferias à universidade – Periferia em Movimento

Com educação sob ataque, cursinhos populares pavimentam caminho das periferias à universidade

Uneafro mantém 31 polos de educação popular

Foto em destaque: Divulgação Uneafro

Da acusação de plantação de maconha em universidades às falhas na correção do último ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), a atual gestão do Ministério da Educação acumula episódios que desmerecem o ensino superior. Em 2019, a pasta foi alvo das maiores manifestações do governo de Jair Bolsonaro até então, com milhares de estudantes e pesquisadores nas ruas contra os cortes na área.

Por isso, cursinhos populares que preparam jovens de periferias para prestar o vestibular são espaços estratégicos para garantir o direito à educação a todos.

“Em vista desse cenário de terror que compactua com a necropolítica velada do governo federal, se faz necessário resistência e organização, e por isso temos saído às ruas com os estudantes para lutar por nossos direitos”, aponta Rodrigo Santos, coordenador do cursinho da Rede Emancipa no Grajaú, Extremo Sul de São Paulo.

Criada em 2007 como movimento social de educação popular, a Rede Emancipa está presente em 19 cidades de 7 estados nas 5 regiões do País. São 32 polos com mais de 5.000 estudantes atendidos por ano por mais de 600 professores voluntários. Mais de 20.000 jovens já passaram pelas salas de aula da Rede Emancipa.

“Os cursinhos populares são por excelência um local de e para a organização dos jovens da periferia, que estão sujeitos à violência cotidiana e aos fetiches do capitalismo”, completa Rodrigo.

Saiba mais sobre alguns cursinhos populares e como se inscrever:

CursinhosAonde acontece?Como participar?
Rede EmancipaSão 5.000 vagas em 32 unidadesInscrições aqui
Carolina de JesusAulas aos sábados em 02 polos (Capão e Jardim Ângela)Inscrições aqui
Cursinho Popular do CapãoAs atividades recomeçam em 07 de março, no CIEJA Campo LimpoInscrições aqui
Uneafro BrasilSão 2.000 vagas em 35 núcleos em São Paulo e no Rio de JaneiroInscrições aqui
Rede UbuntuAulas em 05 polos na Zona Sul de São PauloInscrições para 2020 encerradas. As aulas começaram no início de fevereiro

Em 2018, apenas 25,2% dos jovens brasileiros com idade entre 18 e 24 anos estavam no ensino superior, mas a desigualdade salta na comparação racial. Entre a juventude branca, esse índice foi de 36,1% em comparação a 18,3% entre os negros, de acordo com a Síntese de Indicadores Sociais divulgada em novembro do ano passado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A diferença também aparece na origem dos estudantes. Entre os estudantes que concluíram o ensino médio em uma escola pública, somente 36% entraram numa faculdade. Para os da rede privada, o percentual mais que dobrou: ficou em 79,2%.

As explicações para esses dados estão na qualidade da educação básica oferecida à população mais pobre, com escolas com infraestrutura precária, professores mal remunerados e impactos na aprendizagem e na evasão de alunos – o que deve ser agravado com o a medida aprovada em 2016 e que congela os gastos sociais por 20 anos.

“Há um sucateamento muito grande nas escolas, um processo que já vem de muitos anos. E por isso a gente percebe que o acesso ao ensino superior continua sendo um desafio”, explica Rafael Sacramento, da Rede Ubuntu.

Com 05 polos na Zona Sul de São Paulo, a Rede Ubuntu recebeu 993 inscrições para as 400 vagas formação em 2020. O cursinho tem uma média de aprovação de 30% entre os alunos que chegam até o final da preparação.

Cursinho Popular do Capão no CIEJA Campo LImpo

Mais que o vestibular

Como o direito ao ensino superior ainda não é garantido a todos e todas, os cursinhos trabalham com uma formação que vai além da preparação para o ingresso na universidade.

A orientação inclui pensar em projeto de vida e abordar as dificuldades da vida universitária, como fatores que podem levar à desistência de estudantes, que chegam à academia mas não conseguem concluir a graduação.

“Trabalhamos com todo o amparo tanto do ponto de vista de formar esse aluno nos conteúdos que permitem disputar em pé de igualdade as vagas na universidade, mas também investimos na formação de se tornar alguém capaz de transformar essa noção da educação como gasto”, conclui Rafael.

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