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action or later. Please see Debugging in WordPress for more information. (This message was added in version 6.7.0.) in /home/periferiaemmovimento/www/teste/wp-includes/functions.php on line 6114mfn-opts
foi ativado muito cedo. Isso geralmente é um indicador de que algum código no plugin ou tema está sendo executado muito cedo. As traduções devem ser carregadas na ação init
ou mais tarde. Leia como Depurar o WordPress para mais informações. (Esta mensagem foi adicionada na versão 6.7.0.) in /home/periferiaemmovimento/www/teste/wp-includes/functions.php on line 6114Unindo jornalismo e cartografia, o projeto “DiversiMapa”, realizado pelo Periferia em Movimento em parceria com o Sesc Interlagos, ocorreu durante quatro encontros que buscaram promover uma imersão na periferia da Zona Sul de São Paulo, especificamente nas regiões de Parelheiros e Grajaú, tendo como eixos norteadores os conceitos de identidade afetiva, marginalidade e potencialidade de transformação dos territórios.
Considerando que os espaços abarcados não são efetivamente alcançados pela administração pública e se caracterizam por um forte processo de segregação socioespacial e estereotipação, propusemo-nos a refletir a relação dialógica entre território e indivíduo: ir além dos estigmas oriundos de uma lógica colonial que colocam a periferia como um ambiente marcado estritamente pela violência e um estado a-cultural foi o objetivo das vivências e reflexões ora realizadas.
As etapas do projeto foram organizadas da seguinte forma:
CONFIRA ABAIXO O MAPA COM AS TRILHAS E PONTOS IDENTIFICADOS!
No primeiro momento de nosso percurso, nos foi proposto pensar sobre nossas jornadas individuais: quais são nossas origens? qual é a nossa relação com o espaço que ocupamos? como esse espaço transformou-se através do tempo e como tais transformações modificaram nossos modos de vida? Tal exercício, marcado por um resgate de memórias e trajetórias individuais, configurou-se também como um exercício de escuta, ao ouvirmos as histórias uns dos outros, identificando-nos com tantas delas.
É possível afirmar, por sua vez, que cada história, ouvida e contada, era marcada pela dicotomia periferia x centro. Ao longo das discussões, definiu-se “periferia” como um espaço constantemente relegado a um segundo plano e privado de recursos que efetivamente garantam acesso aos Direitos Humanos. A definição de “centro” dá-se, portanto, pela completa oposição ao primeiro: o centro carrega dentro de si todas as riquezas econômicas, culturais, sociais e etc.
Ao fim deste primeiro dia, analisamos o processo histórico de formação da cidade de São Paulo, através de sua ocupação territorial ao longo dos tempos, ocupação esta que atrela-se à aspectos socioeconômicos, marcados por uma lógica do capital, que desencadeia a contemporânea formação dos espaços da cidade e relaciona-se a cada uma das histórias individuais inicialmente colocadas e atravessadas pela marginalização periférica.
Muitas vezes apenas passamos pelos territórios e esquecemos de olhar em volta, perceber as cores, os sabores, os aromas e vozes que o compõem. Esses lugares se tornam apenas mera passagem. Não ocupamos com nossos corpos políticos através de ações de transgressão.
E não precisa ser muito. Pode ser participar da coleta seletiva, ouvir as estórias, brincar na rua ou até montar uma companhia de teatro que fale da periferia para a periferia e com periferia.
Foi dessa forma que a Tatiana Monte, da Cia Humbalada de teatro, (re)descobriu seu território. É através da cartografia do afeto/cartografia dramaturga que ela e seus amigos de cia concebem as peças teatrais e seus processos de inquietações para as experiências compartilhadas, como a que ela nos estimulou a olhar com os olhos e coração aberto para os nossos lugares e depois disso construir o nosso mapa do afeto.
Todos nós temos um certa ternura, disfarçada ou escancarada pelos lugares que passamos. Muitos deles nos atravessam e constroem quem somos “existem muitas marcas em nós que compõem esse território. Existem muitas marcas neste território que nos compõem.”
Poderíamos voltar a ocupar os territórios? O que falta para isso?
(RE)Conhecer
(RE)Inventar
(RE)Descobrir
Vamos lá, conhecer algumas pessoas que já fazem isso aqui na região! Quem sabe não nos inspira?
Apesar do dia chuvoso, nossa visita de campo iniciou-se com ida ao Asé Ylê do Hozoouane um centro de cultura Afro-brasileira localizada no extremo sul de São Paulo, exatamente na região de Parelheiros onde fomos recebidos pelo representante e sacerdote-mor Luiz Antonio Katulemburange, que prefere ser chamado de “Katu”, redução de seu nome africano, e responsável pelo local.
O Ylê é uma construção em meio a natureza, que se divide em casa da família de Katu, templo candomblecista e espaços educacionais e sócio assistenciais – “a roça”, como ele nomeia. Nessa roça, Katu junto a comunidade local realizam atividades, cursos e oficinas com o intuito de formar, educar, compartilhar vivências, ocupar e integrar os moradores.
Com seu jeito bem humorado, Katu nos conta como foi sua chegada naquele local, em 24 de Junho de 1980. Naquela época ele foi do Jabaquara, também na zona sul de São Paulo, mas numa área muito urbanizada, com destino à Parelheiros, local esse que mudou muito desde a construção do que hoje é Ylê, mas que ainda possui um maior acesso à natureza, fator essencial para a manutenção das religiões de matriz africana.
Depois de conhecer Katu, nos dirigimos para o Restaurante da Marlene, no centro de Parelheiros, para degustar sua culinária e trajetória com o Cambuci. O restaurante da Marlene fica bem próximo a Igreja de Santa Cruz, um marco histórico da região – a Igreja foi construída em 1898, a mando de um morador da região, Amaro Pontes, como forma de pagamento da promessa de voltar vivo da Guerra do Paraguai. Durante o almoço, experimentamos o suco de cambuci e também o mousse de cambuci com cupuaçu, “junção de Parelheiros com a Amazônia”, como disse a Marlene.
Após a visita ao Restaurante da Marlene, fomos para outro ponto ao sul do mapa, dessa vez nossa parada foi numa margem da represa billings, situada no Jardim Gaivotas e num local de muita resistência: Ateliê da Margem!
No caminho até lá, os participantes que habitam ou habitaram locais pelo qual passávamos, foram contando suas memórias e experiências no território.
Em nosso último dia nos dedicamos a refletir tudo o que passamos até ali. Foram reflexões e partilhas sobre a visita de campo, os estranhamentos, os encontros, as percepções. A missão do dia era trabalhar em cima dessas partilhas e do que vivenciamos na visita e demais encontros. Nos dedicamos então a tarefa de tornar digital os mapeamentos que havíamos realizado e também nos dividirmos em grupos de trabalho menores, para experimentarmos e realizarmos o processo de produção dos conteúdos planejados.
Durante todo o resto do dia, as equipes foram trabalhando e organizando suas tarefas. Ao final, longe de ser um encerramento, mas mais um chamado à necessidade de seguir em conexão encerramos esse ciclo de encontros cada vez mais com a certeza de que se há margem, há possibilidade!