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Pra acabar com divisão entre ricos e pobres, 26% da população precisaria ser realocada – Periferia em Movimento

Pra acabar com divisão entre ricos e pobres, 26% da população precisaria ser realocada

Alto da Alegria: remoções de favela com mais de 40 anos de ocupação (Foto: Thiago Borges/Periferia em Movimento)

Foto em destaque: Alto da Alegria / Grajaú / Thiago Borges

Em localidades altamente divididas socialmente, o índice de segregação espacial está associado ao crescimento de até 50% no número de homicídios. É o que acontece nas cidades mais segregadas do Brasil, que de acordo com um estudo da Fiocruz Bahia são João Pessoa, Aracaju e Brasília.

A pesquisa aponta que, para dar mais oportunidades de acesso à escolaridade, ao emprego e à renda, 26% da população das grandes cidades brasileiras precisaria ser realocada para formar cidades socialmente integradas. Isto é, com uma distribuição espacial igualitária dos grupos de renda. Em João Pessoa, Aracaju e Brasília, essa realocação precisa atingir 40% dos domicílios para eliminar a segregação entre ricos e pobres.

“Famílias de baixa renda, dificilmente podem escolher o bairro onde vivem. Justamente essa falta de escolha faz com que a segregação de renda tenda a afetar mais essas pessoas, pois também restringe o acesso dessas a recursos como emprego, transporte, educação, saúde e outros serviços intrinsecamente relacionados ao bairro onde vivem. Os distritos mais pobres são também os que têm infraestruturas mais precárias e oferta escassa de bens e serviços públicos. Consequentemente, as pessoas que vivem em bairros mais carentes [sic] têm maior probabilidade de serem expostas à violência”, explica a economista Izabel Santos, que lidera o estudo junto a Gervásio Ferreira.

Ambos são integrantes do projeto Salud Urbana en America Latina (Salurbal) e Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia). O material está na edição de junho da revista científica “Social Science & Medicine – Population Health”. Clique aqui para acessar (em inglês).

De acordo com o estudo, as cidades nas regiões mais ricas (regiões Sul e Sudeste) são as menos segregadas e também as menos desiguais, e as regiões mais pobres (Norte e Nordeste) são as mais segregadas e também as mais desiguais.

Outro achado do estudo é que, de modo geral, quanto maior a população nas cidades, maiores são as desigualdades e a segregação espacial e há um aumento de taxas de homicídios nessas cidades. Santos aponta que a segregação espacial não traz danos apenas para o grupo enquadrado como pobres. “A violência, por exemplo, penaliza a sociedade como um todo”, completa.

Como foi feito o estudo?

A pesquisa compara a proporção de pessoas de baixa renda de um setor censitário (a menor unidade geográfica de grupos populacionais utilizada pelo IBGE) em relação à proporção de pessoas de baixa renda em cada cidade. Assim, indica o percentual que deveria ser realocado para que houvesse mais heterogeneidade de perfis socioeconômico e consequentemente menos segregação, explica Santos.

E nesses setores, com base nos dados do IBGE, essa análise espacial mostra como a segregação condensa fatores socioeconômicos em espaços físicos e nesses espaços consolida as ausências ou privações: acesso à escolaridade reduzido, mais pessoas desempregadas, casas menores e mais lotadas e mais pessoas mortas de forma violenta.

A análise considerou apenas cidades que tinham mais de 100 mil habitantes e separou em 2 grupos: aqueles cujo chefe de família recebia menos de 2 salários mínimos e os que recebiam mais de 2 salários do ano de 2010 (que era de R$ 510). As análises indicam que as populações mais vulneráveis precisam de políticas habitacionais, de emprego, distribuição de renda, maior acesso à educação.

Em uma cidade com alto nível de desigualdade, a segregação espacial pode limitar os recursos e serviços localmente disponíveis especialmente para os pobres, e diminuir os ganhos das interações sociais no ambiente urbano, além de uma oferta mais limitada no que diz respeito a serviços como educação e saúde em comparação com famílias de renda mais elevada, que na maioria das vezes têm mais liberdade para realizar suas preferências de moradia e vizinhança, como explicam os cientistas.

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