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foi ativado muito cedo. Isso geralmente é um indicador de que algum código no plugin ou tema está sendo executado muito cedo. As traduções devem ser carregadas na ação init
ou mais tarde. Leia como Depurar o WordPress para mais informações. (Esta mensagem foi adicionada na versão 6.7.0.) in /home/periferiaemmovimento/www/teste/wp-includes/functions.php on line 6114Por Thiago Borges
Daniel Reis estava em quarentena quando respondeu ao pedido de entrevista para esta reportagem. Candidato a vereador em São Paulo pelo PC do B, ele testou positivo para covid-19 e precisou ficar recluso com a esposa no meio da campanha.
Esse não é o único desafio enfrentado por algumas candidaturas periféricas: além do receio provocado pela pandemia de coronavírus, quem sai das beiradas da capital em busca de uma das 55 cadeiras da Câmara Municipal enfrenta a falta de recursos financeiros e até de internet para tentar ganhar a simpatia de um eleitorado que conta com outros 2 mil candidatos para escolher.
“A maior parte do trabalho é voluntária e feita por 5 pessoas que conhecem a minha trajetória”, explica Daniel, que recebeu até agora R$ 7,6 mil para fazer a campanha. Ele atribui a falta de suporte à pouca relevância dada pelos partidos políticos às candidaturas negras.
“Se não fossem as mudanças recentes, eu não teria recebido nenhum centavo”, acredita ele, citando a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) do início de outubro de 2020, que determina a distribuição proporcional de recursos para campanhas de pessoas negras.
Coincidência ou não, Daniel foi o estatístico que auxiliou na argumentação da tese de doutorado de Osmar Teixeira Gaspar sobre direitos políticos e representatividade da população negra, que ajudou a embasar a recente decisão do STF. O agora candidato fazia Mestrado no Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo (USP) e trabalhava com o professor e doutor Gaspar quando um acontecimento o despertou para a política institucional: ele foi abordado por policiais militares após deixar a sala de aula rumo à moradia estudantil.
“Nem perguntaram se eu era aluno ou não. Simplesmente me chamaram de vagabundo, fizeram eu abrir a mochila e espalhar na calçada uma a uma as coisas que estavam nela”, lembra. “Não adianta ter estudo e não adianta ter dinheiro se essas coisas não estiverem combinadas com poder político para fazer a mudança”.
Morador do Grajaú (Extremo Sul da cidade), o baiano de 41 anos vive em São Paulo desde os 7, trabalha desde os 9 e já atravessou a cidade para equilibrar estudos e trabalho. Por isso, ele propõe investir em geração emprego e renda nas quebradas, regularizando comércios e fortalecendo coletivos para disputar compras públicas.
Keila Pereira também é outra candidata que quer fortalecer a economia local e defende mais creches e ambulatórios de saúde nos bairros. Porém, a moradora de Parelheiros (também no Extremo Sul) encontra dificuldades para apresentar as propostas para a população.
“A campanha periférica já começava atrasada. Com a pandemia, tudo ficou ainda mais difícil”, diz ela, que também é candidata pelo PC do B. Sem os mesmos recursos financeiros das candidaturas de políticos mais antigos e com o receio em relação ao vírus, Keila corre atrás de apoio enquanto faz testes para covid-19 mesmo sem apresentar sintomas. Ela quer garantir que não se tornou um vetor da doença.
Nascida e criada a mais de 45 quilômetros do centro da capital, a jovem de 23 anos participou do movimento estudantil e é uma das fundadoras do Sarauê, um coletivo que promove encontros literários na região. Estar nas ruas faz parte de sua trajetória e, no caso do território em que vive e atua, é fundamental. “Parelheiros é uma região com uma cobertura muito escassa das operadoras [de telefonia], então não podemos depender da campanha remota”, explica.
Com R$ 11,7 mil de recursos do fundo eleitoral, a candidatura coletiva Periferia Ativa Búfalos (PDT) resolveu encarar a pandemia. “Dentro das orientações sanitárias, nossa candidatura têm ido às ruas, sempre com cuidados básicos de uso de máscaras, álcool gel, como também temos parte de nossas ações focadas nas redes sociais”, explica Aurélio Rodrigues.
Ele integra a chapa com mais 7 pessoas que moram em diversos bairros da Zona Sul, como Jabaquara, Americanópolis, Grajaú e Jardim Varginha. A origem, entretanto, está na região de Cidade Ademar e Pedreira. É nessa subprefeitura que fica o Parque dos Búfalos, área que fica no entorno da represa Billings.
A construção de um condomínio com 193 prédios para abrigar quase 20 mil pessoas no mesmo terreno, iniciada na gestão do então prefeito Fernando Haddad (PT), colocou o parque na discussão sobre direito à moradia e preservação ambiental. Alguns dos militantes da época, como Wesley Silvestre (que é cabeça de chapa na candidatura) compõem o grupo e defendem também outras pautas – como o direito à cultura, à educação e à participação popular, com decisões tomadas por meio de conselhos.
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Outra candidata que se pauta nos movimentos sociais é Luana Alves (PSOL), de 27 anos. Natural de Santos (SP), ela chegou à capital em 2012 aos 18 anos para estudar Psicologia na USP. Nesse período, começou a participar da rede de cursinhos populares Emancipa, que prepara estudantes de periferias para o vestibular. “Nesse ano a gente precisava de uma candidatura orgânica nossa, das redes”, acredita ela, que se apresenta como candidata do movimento.
Trabalhadora do Sistema Único de Saúde (SUS), mesmo com a pandemia, Luana e seus apoiadores resolveram sair às ruas porque “as pessoas estão circulando”. Nesse percurso, chamou sua atenção a recepção de outras pessoas pretas. “O pessoal pega o panfleto e se surpreende porque não tá acostumado com isso”, conclui.