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domain was triggered too early. This is usually an indicator for some code in the plugin or theme running too early. Translations should be loaded at the init
action or later. Please see Debugging in WordPress for more information. (This message was added in version 6.7.0.) in /home/periferiaemmovimento/www/teste/wp-includes/functions.php on line 6114mfn-opts
foi ativado muito cedo. Isso geralmente é um indicador de que algum código no plugin ou tema está sendo executado muito cedo. As traduções devem ser carregadas na ação init
ou mais tarde. Leia como Depurar o WordPress para mais informações. (Esta mensagem foi adicionada na versão 6.7.0.) in /home/periferiaemmovimento/www/teste/wp-includes/functions.php on line 6114Editorial da Periferia em Movimento. Foto em destaque: Julia Cavalcante
“Vamos às atividades do dia
Lavar os corpos, contar os corpos e sorrir
A essa morna rebeldia”
Versos de “Lion Man”, do rapper Criolo
Da janela virada pra rua, é possível ver um horizonte que se encerra a poucos metros: é tomado por casinhas amontoadas, com tijolos vermelhos aparentes.
A molecada insiste em botar o pipa no céu, enquanto uns com mais idade dão grau raspando a placa das motos no asfalto. Adultos seguem a vida: mercado, açougue, feira, trabalho e conversa jogada fora na calçada. As máscaras estão ali: escondendo bocas e narinas, ou não – no queixo, no bolso, na bolsa. E se não fossem essas máscaras, caseiras, estampadas, poderíamos dizer que nem existe pandemia.
“Lavar os corpos, contar os corpos e sorrir”
É por outra janela em que vemos o mundo, apesar dela ser bem menor: tem 13 polegadas, cansa as vistas e geralmente a visualização é lenta pois depende da conexão da internet. Pelo computador, trabalhamos, acompanhamos o que outras pessoas veem de suas janelas também e nos atualizamos da situação pandêmica que vivemos.
E enquanto escrevemos, nos aproximamos de 100 mil vidas perdidas por covid-19 no Brasil.
100 mil histórias.
100 mil pontos de vista.
100 mil amores de alguém.
Caraca. Quantas conhecidas e quantos conhecidos seus foram infectados ou até morreram por causa dessa doença? “Toca a vida”, diz o ocupante da cadeira presidencial.
Por aqui, faltam lágrimas e palavras.
A Periferia em Movimento nasce das ruas para fazer jornalismo de quebrada, mas está enclausurada. E mesmo fechados em casa na maior parte do tempo, nós não deixamos de fazer perguntas.
Desde o dia 12 de março, quando a pandemia de coronavírus foi declarada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), já publicamos mais de 70 reportagens. Logo de cara, lançamos 16 perguntas sobre o impacto nas periferias:
Após a infeliz confirmação do primeiro óbito da doença no País, publicamos um manifesto de filhos e filhas de empregadas domésticas pelo direito dessas trabalhadoras cumprirem a quarentena em suas casas, assim como os direitos de quem trampa na área. Retomamos o assunto meses depois.
Falamos da urgência da Renda Básica, das dificuldades para solicitar o auxílio onde não pega celular e a enrolação do governo federal para pagar os R$ 600. Apontamos as falhas 3 meses depois e a luta para tornar esse benefício como algo permanente. Trouxemos relatos e fotos de trabalhadores que não ficaram de quarentena.
Abordamos as redes de proteção às mulheres, entre LGBTs e povos indígenas, além do risco da pandemia ser usada como justificativa para violência policial.
Falamos de meios para agir em casos de violência sexual contra crianças e adolescentes e o que fazer em casos de violência doméstica – duas situações que tiveram um aumento de caso nesses meses.
Também abordamos os impactos nas ocupações por moradia, na educação pública – agora à distância, na cultura periférica e entre os trabalhadores da assistência social.
Trouxemos os relatos de quem está vivendo a fé sem sair de casa e do alerta de uma artista periférica brasileira confinada na França.
E produzimos e veiculamos vídeos para promover o cuidado entre quem tá na militância, com dicas para aumentar a imunidade, cuidar do corpo, entreter as crianças , quando as grávidas devem procurar o hospital e como cuidar dos idosos.
Além disso, apresentamos a visão das quebradas com propostas e a cobrança de maior transparência. E não deixamos de nos posicionar quando necessário.
E falamos da morte, sim. Desde o adeus à distância até as fases do luto e um guia para garantir seus direitos nesse momento tão difícil. Relacionamos também à banalização da vida, que “normaliza” qualquer situação, seja o genocídio pela bala ou pelo vírus
As marcas no rosto e as dores no corpo revelam o cansaço da “subida” na curva de casos de covid-19. Chegamos no chamado “platô” e, do alto da pilha de corpos, não enxergamos a descida.
Nesse cemitério elevado, a vista plana pode dar a sensação de aparente estabilidade. O “novo normal” da classe média é frequentar academia, shoppings e butecos diante de mais de 1.000 mortes diárias. O busão tá lotado, a resenha tá rolando e os governantes fazem videochamada pra decidir a volta às aulas presenciais.
O noticiário, antes dominado pelo coronavírus, dedica só parte do tempo para o assunto. Não é mais novidade. Da cloroquina que “cura” aos atestados de óbito “forjados”, a prateleira de narrativas tem versões personalizadas.
No mercado das verdades, escolha a sua e seja o que (seu) Deus quiser.
140 dias? 150?
Já perdemos a conta da vida na clausura. Depois de todo esse tempo, não temos perguntas novas. Repetimos velhos questionamos enquanto ecoam os versos da canção…
“Sua rainha tá ciscando, já era!
O país tá no abandono, já era!
O planeta tá morrendo, já era!
Vai cair o rei”