“Mesmo acreditando em orisás de cura, somos humanos”

Reportagem por Laís Diogo. Edição de texto por Thiago Borges. Foto em destaque: Asé Ylê do Hozoouane (Parelheiros, SP)

A Periferia em Movimento publica uma série de relatos sobre como moradores e moradores de periferias, com ou sem denominação religiosa, têm vivido sua fé em tempos de quarentena. Clique aqui e leia outros relatos.

Relato de Jagner Fazzani, 22 anos, morador do Jardim Guanabara (Extremo Sul de São Paulo). Ele estuda Serviço Social, é candomblecista e sacerdote do culto Jurema Sagrada

Eu, Jagner Fazzani, Dofono de Erinlé, iniciado em Candomblé Alaketu, Omo Orisá do Ílè Obá Oşè Wurá sob o comando do Babalórisa Cris de Sango, posso falar que a luta para o povo de Candomblé é a conscientização do povo, de adeptos do culto, para prevenção e cuidados.

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Mesmo sendo religiosos e acreditarmos em divindades de curas, como o orisá Obaluayê, precisamos nos atentar que somos humanos e precisamos ser cautelosos.

Entendemos essa pandemia como um momento de reflexão e cancelamento de festividades.

Nossas cerimônias reúnem inúmeras pessoas e o contato humano é inevitável. Desde a troca de bênçãos a abraços de cumprimentos, o contato é necessário.

No momento em que estamos, federações e casas matrizes decidiram que devemos cancelar cerimônias já marcadas até termos certeza do controle da covid-19.

Nossos Ilês, Egbe, Roças de Candomblé contam com muitos adeptos com idade elevada, inúmeras crianças e muitos sacerdotes têm suas limitações.

É uma medida de prevenção necessária o afastamento.

Seguimos em nosso íntimo, clamando e louvando ao rei da terra Obaluayê que nos proteja e ilumine os profissionais de saúde nessa batalha de combate e na descoberta de uma solução.

Mesmo enquanto candomblescitas, somos seres humanos e temos direitos e deveres. E a ordem é o isolamento.

Asé! Que Olodumare, Ajalá e as divindades Funfuns nos abençoem no dia de hoje e sempre.

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