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foi ativado muito cedo. Isso geralmente é um indicador de que algum código no plugin ou tema está sendo executado muito cedo. As traduções devem ser carregadas na ação init
ou mais tarde. Leia como Depurar o WordPress para mais informações. (Esta mensagem foi adicionada na versão 6.7.0.) in /home/periferiaemmovimento/www/teste/wp-includes/functions.php on line 6114Com informações da Ponte Jornalismo/ Foto em destaque: Daniel Arroyo
Neste sábado de Independência (07 de setembro), ao meio-dia, a Rede de Proteção e Resistência ao Genocídio protesta contra os crimes de racismo e tortura praticados contra um adolescente negro de 17 anos nas dependências da loja da rede de supermercados Ricoy, na Vila Joaniza, periferia da zona Sul de São Paulo. Saiba mais aqui.
O ato foi convocado depois da viralização a partir de mensagens no Whatsapp de um vídeo que mostra a tortura: um jovem negro amordaçado, sem camisa e com as calças abaixadas é chicoteado por seguranças da unidade que fica na avenida Yervant Kissajikian. A agressão seria um “castigo” ao jovem que teria tentando furtar um chocolate.
Para Gabriel Silva, militante da Rede e morador do Grajaú (Extremo Sul de São Paulo), a situação é extrema mas não é uma novidade nas periferias. “Eu já passei por situações ou conheço várias histórias em que os seguranças ficam observando e até agredindo”, conta. “Esse racismo até o ato extremo de levar pra uma sala e torturar é muito comum na quebrada”.
Gabriel reforça que o ato de sábado é muito importante não por dar vazão a uma revolta que explodiu no Facebook diante da divulgação do caso, mas para fortalecer a luta contra o genocídio na região e principalmente reparar a violência cometida contra o adolescente.
“E quem tem que arcar com as despesas é o mercado, que tá tirando o lucro em cima desse racismo”, aponta. O Ricoy tem cerca de 50 lojas em diferentes periferias da cidade de São Paulo e da região metropolitana. “Não é uma coisa só do momento. É todo dia. E a luta precisa se organizar pra ter uma resistência a isso”.
Segundo reportagem da Ponte Jornalismo, o boletim de ocorrência registra que a violência aconteceu no mês de julho, sem a vítima saber precisar a data. E., 17 anos, entrou no mercado, pegou um chocolate e tentou sair sem pagar, quando foi abordado por um segurança, denominado no documento como Santos com a ajuda de Neto. Eles seriam seguranças do local.
A dupla o levou para um quarto no fundo da loja, onde o vídeo foi gravado. “Ali, a vítima foi despida, amordaçada, amarrada e passou a ser torturada com um chicote de fios elétricos trançados. Permaneceu por cerca de 40 minutos, sendo agredido o tempo todo”, descreve o documento assinado pelo delegado Pedro Luís de Sousa, do 80º DP (Distrito Policial), localizado na Vila Joaniza.
Em sua página no Facebook e no Instagram, a assessoria de imprensa do Ricoy publicou uma nota sem assinatura informando que “ficamos chocados com o conteúdo” e que desde sua fundação, na década de 1970, exerce “princípios mais rígidos de valorização do ser humano”. Além disso, informa que os seguranças contratados por uma empresa terceirizada não prestam mais serviços nas lojas da rede e que disponibilizou uma assistente social para dar suporte à família.
Em resposta, a Rede de Proteção e Resistência ao Genocídio chama o suposto espanto do Ricoy de “hipocrisia”, pois “todo jovem negro da periferia sabe que a política de ‘segurança’ praticada nos estabelecimentos comerciais de São Paulo é extremamente racista, todo jovem negro já foi seguido por seguranças nos corredores, em muitos casos mesmo já foi levado para uma salinha interna ao mercado sendo acusado, não raro injustamente, de ter furtado algum produto”.
E continua: “Mais grave é a forma como os donos do Ricoy se esquivam da sua responsabilidade pelo ocorrido e culpam apenas os seguranças pelo racismo, como se o racismo não fosse uma política cotidiana do funcionamento de sua empresa, que visa o lucro acima das vidas, a exploração da quebrada a qualquer custo, mesmo prejudicando os moradores da quebrada. Também mentem ao dizer que prestaram auxílio ao garoto e sua família, coisa que ainda não fizeram de forma alguma!”.
Em entrevista à Ponte, E. narra o que aconteceu. “Me levaram a força, amarraram meu braço, me bateram de chicote, colocaram um negócio na minha boca”, conta o jovem. “Me ameaçaram de morte. Diziam que se eu contasse aquilo para alguém, iriam me matar”, disse. O adolescente também afirmou que os mesmo seguranças já teriam agredido ele outras 02 vezes.
O delegado que investiga o caso, Pedro Luís de Sousa, define o caso como “uma barbárie. Remonta aos tempos da escravidão. É inadmissível. Nunca vi nada parecido com isso em 42 anos de polícia”. Na entrevista, ele diz que impressiona o fato de que, mesmo após semanas da agressão, as marcas persistem e são visíveis. “As marcas são muito peculiares, condizem com chibatadas, mesmo depois de um longo período, mas não temos exatamente a data”.
De família evangélica e pobre, E. saiu de casa aos 12 anos depois que o pai morreu em um incêndio no barraco onde viviam. Sua mãe tem problemas com alcoolismo, fato que o fez não ter o auxílio necessário desde a morte do pai. Além deve, são outros sete filhos do casal. Na visão de um dos irmãos, Wagner Bispo de Oliveira, 30 anos, isso desestabilizou bastante o adolescente, que acabou indo para a rua e passou a usar drogas.