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action or later. Please see Debugging in WordPress for more information. (This message was added in version 6.7.0.) in /home/periferiaemmovimento/www/teste/wp-includes/functions.php on line 6114mfn-opts
foi ativado muito cedo. Isso geralmente é um indicador de que algum código no plugin ou tema está sendo executado muito cedo. As traduções devem ser carregadas na ação init
ou mais tarde. Leia como Depurar o WordPress para mais informações. (Esta mensagem foi adicionada na versão 6.7.0.) in /home/periferiaemmovimento/www/teste/wp-includes/functions.php on line 6114Por Lucimeire Juventino, escritora, professora na rede de ensino municipal e nascida e criada no Jardim Mirna, bairro do distrito do Grajaú, Extremo Sul de São Paulo
Em meados dos anos 1980, eu, meus irmãos e as crianças do bairro brincávamos no meu quintal e tínhamos também a rua como espaço da brincadeira.
Pega-pega com pique nas copas das árvores, pião, pipa capucheta, passa anel, brincadeiras de roda, jogos com bola. A poeira das ruas de terra bailava com os nossos pés de vento. Uma das minhas brincadeiras preferidas eram as fogueiras, pegar lenha, preparar a instalação.
O fogo aquecia e aproximava pessoas queridas, a brasa acesa cozinhava o alimento e permitia a partilha, a fogueira não tinha dono, era de responsabilidade de todos os envolvidos seja lá qual fosse a idade, bebês, crianças, adolescentes, adultos. Quando a noite caía, a luz da fogueira parecia mais reluzente e anunciava a chegada dos vaga-lumes.
Outro jeito fantástico de brincar eram os passeios nas chamadas “Florestas”. Uma trilha na ruazinha da Chácara do Conde que nos conduzia a um laguinho. Íamos observando os pássaros e as plantas, os maiores carregavam os menores nas costas, de “cavalinho” ou na “cacunda” dava para comer umas Marias Pretinhas, Azedinha, Ameixa, Amoras e Goiabas. Eu levava recipiente de vidro para brincar com os girinos e na volta sempre rolava uma guerrinha de Mamonas.
No Jardim Itajaí (num lugar hoje conhecido como comunidade ZR), havia outra trilha que nos conduzia às primeiras residências do BNH Conjunto Habitacional Brigadeiro Faria Lima. No caminho dava para contar cupinzeiros, subir em árvores para tentar alcançar as casas de João de barro, disputar com beija-flores e abelhas, o melzinho dos Ibiscos Colibri.
Na correria um chinelo às vezes quebrava, era só encontrar um prego ou usar um grampo de cabelos e pronto; estava resolvido o problema.
Hoje, sou pedagoga e entendo que essa minha infância do brincar livre esteve recheada de oportunidades de socialização e exploração do ambiente.
É por meio das interações que bebês e crianças aprendem, desenvolvem suas habilidades e potencialidades. Os bebês constituem o grupo de crianças, porém penso que é necessário e urgente evidenciar o direito dos bebês às interações, brincadeiras e aos territórios.
Existe uma tendência de confinamento das infâncias nas “babás – tela”, celulares, tablets e na cabeça de pessoas que dizem que as crianças não querem mais saber de brincar; porém as crianças, sobretudo as crianças das periferias, brincam.
É essencial enxergar a brincadeira como vital, falar sobre as subjetividades e necessidade das crianças, das infâncias. Sim, existem muitas infâncias, as crianças não são iguais. Há uma diversidade de identidades, culturas, que precisam ser respeitadas.
Lucimeire Juventino
Segundo o artigo 16 do Estatuto da Criança e do Adolescente (1990) brincar é um direito e toda criança tem direito a participar ativamente da vida comunitária, sem discriminação.
Sabemos que as conquistas nas comunidades emergem da luta e resistência, e no Extremo Sul não é diferente. Nesse sentido, o que temos feito para garantir o acesso dos bebês e crianças ao lugar da brincadeira? Onde estão os espaços ou territórios do brincar no extremo Sul?
Essas são algumas das inquietações e desafios que povoam minha prática pedagógica. Recentemente propus essa reflexão à comunidade educativa onde leciono. Qual o lugar da brincadeira, dentro e para além dos muros da escola?
O percurso de aprendizagem envolveu o acolhimento e cuidado em relação ao exercício de “dar voz às crianças” com a escuta sensível e atenta, dessa escuta surgiram desdobramentos. Juntos estamos pesquisando brincadeiras do chão da escola e construindo um mapeamento do lugar da brincadeira.
Para aguçar os sentidos territoriais as famílias confeccionaram maquetes, as crianças discursaram sobre as criações em exposição e estamos realizando estudo do meio, conhecendo o entorno, explorando, observando o movimento da vizinhança, comércios, os Graffitis dos artistas do Grajaú nos muros. Ocupamos a praça próximo à escola (Praça Deputada Ivete Vargas, no Parque das Árvores).
As crianças estão brincando, identificando necessidades, levantando hipóteses para solução de problemas locais e no meio disso tudo sentindo-se parte, se apropriando do território e eu descobrindo novas brincadeiras como o pega-pega avião. Já brincaram?