Cineastas e fotógrafos debatem como as periferias constroem a própria imagem

A produção cinematográfica e fotográfica das e sobre as periferias das metrópoles brasileiras será discutida no encontro Quando as Periferias Constroem sua Própria Imagem, no dia 27 de novembro, às 14h, no Instituto de Estudos Avançados (IEA) da Universidade de São Paulo. Será o quarto evento do ciclo Centralidades Periféricas, uma realização da Cátedra Olavo Setúbal de Arte, Cultura e Ciência (parceria entre o IEA e o Itaú Cultural), com coordenação da ativista social, cultural e educacional Eliana Sousa Silva, atual titular da cátedra.
O evento terá cinco expositores: o diretor teatral, documentarista e escritor Marcus Faustini; o cineasta Jeferson De; o fotógrafo João Roberto Ripper; a cineasta Thais Scabio; e o fotógrafo Bira Carvalho. Para participar é preciso efetuar inscrição prévia (quem for acompanhar o encontro ao vivo pela internet não precisa se inscrever).
Cinema
Faustini é autor do livro “Guia Afetivo da Periferia” (2009) e iniciou seu trabalho de direção teatral em 1998. Entre seus documentários está “Cante um Funk para um Filme”. Em 2011, criou a Agência de Redes para Juventude, destinada a concretizar as ideias de jovens da periferia em projetos relevantes para suas comunidades.
A metodologia criada por Faustini para a agência foi premiada em 2012 pela Fundação Calouste Gulbekian, que a selecionou para ser implantada em comunidades de Londres e Manchester, no Reino Unido.
Thais já dirigiu e/ou produziu duas dezenas de trabalhos, entre curtas, médias-metragens, animações e videoclipes.  Metade deles foram realizações da produtora Cavalo Marinho Audiovisual, na cidade de Diadema, Grande São Paulo, fundada por Thais e pelo diretor Gilberto Caetano em 2006.
A exemplo da agência de Faustini, a produtora também atua na formação de jovens, oferecendo cursos das linguagens de cinema digital e animação 2D, além de se dedicar à difusão (em parceria com o coletivo Mascate Cineclube), com exibições itinerantes de cinema de rua em vários bairros.
Formado em audiovisual pela Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, Jeferson De realizou no âmbito acadêmico a pesquisa “Diretores de Cinema Negros” e depois estudou a representação dos negros pelo cinema brasileiro.
Esses estudos o levaram a lançar em 2000 o manifesto “Gênese do Cinema Negro Brasileiro” – mais conhecido pelo apelido “Dogma Feijoada” – com recomendações a serem observadas pelo cinema negro.
Jeferson De já dirigiu três longas-metragens”: “Bróder” (2009), “O Amuleto” (2015) e “Correndo Atrás” (2018). “Bróder” foi selecionado para o 60º Festival de Berlin em 2010 e ganhou cinco prêmios no Festival de Gramado e quatro no Festival de Paulínia em 2011. “Correndo Atrás” foi lançado em fevereiro no Pan African Film Festival, em Los Angeles, EUA, e estreou no Brasil em junho.
Fotografia
Fotógrafo autodidata com passagem pelos jornais “Luta Democrática”, “Diário de Notícias”, “Última Hora” e “O Globo”, Ripper foi um dos fundadores da sucursal carioca da Agência F4, criada no final dos anos 70 por profissionais dedicados à documentação social e econômica da vida brasileira.
A F4 terminou em 1991. Pouco depois, Ripper fundou a Imagens da Terra, uma entidade sem fins lucrativos voltada à utilização da fotografia para denúncia social. É também o idealizador e criador do projeto Imagens do Povo, no Observatório de Favelas.
Desde 2016, o Imagens do Povo é coordenado por Carvalho, morador desde 1975 da Favela Nova Holanda, do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro. Ele começou a fotografar em 2000 e fez o curso para fotógrafos populares promovido pelo Observatório de Favelas e por Ripper em 2004. Carvalho já participou de seis mostras coletivas.

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