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action or later. Please see Debugging in WordPress for more information. (This message was added in version 6.7.0.) in /home/periferiaemmovimento/www/teste/wp-includes/functions.php on line 6114mfn-opts
foi ativado muito cedo. Isso geralmente é um indicador de que algum código no plugin ou tema está sendo executado muito cedo. As traduções devem ser carregadas na ação init
ou mais tarde. Leia como Depurar o WordPress para mais informações. (Esta mensagem foi adicionada na versão 6.7.0.) in /home/periferiaemmovimento/www/teste/wp-includes/functions.php on line 6114Dilma afastada, Temer no posto, Paulista ocupada e memes bombando na internet. Será que ele aguenta o tranco? Será que ela volta ao trono? Será que vazou um novo áudio? Notícias distorcidas, debates intermináveis, dúvidas em profusão, e o povo continua sob disputa. Mas, nesta treta toda, quem tá interessado em ouvir os anseios do povo?
Recentemente, Guilherme Boulos (coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto – MTST) afirmou que as periferias não se veem contempladas no sistema político. Para Eliane Dias, advogada e produtora dos Racionais MCs, diz que o povo tem que aparecer mais porque “quem pensa na periferia é a periferia”.
Na Virada Cultural do último final de semana, Criolo apareceu com um “Temer Jamais” no telão do fundo de palco, Emicida questionou a legitimidade do presidente golpista em um palco no Grajaú e, no Extremo Leste, Mano Brown lembrou que coisa de favelado não vai voltar a ter, como o voltou o Ministério da Cultura.
Quem luta por nós, Brown?
O Periferia em Movimento falou com artistas, coletivos e militantes de movimentos sociais do Extremo Sul de São Paulo (onde atuamos geograficamente) para saber se e como a conjuntura nacional impacta no trampo de quem tá na ponta, na beira da represa, sem holofotes e sinal de internet.
Tatiana Monte tem uma lembrança latente sobre o endereço onde morava quando pequena. Na rua Dolcinópolis, BNH (como é conhecido o Conjunto Habitacional Faria Lima, no Grajaú), ela brincou, sentou na calçada com vizinhos, trocou receita de bolo, falou e ouviu sobre os percursos do trabalho pra casa, sobre as novas lojinhas no caminho. Tocou campainha pra deixar a chave com a vizinha, pedir ajuda, fazer vaquinha e fechar a rua com todos em volta da fogueira.
“Mas cada vez mais os espaços públicos, os ‘quintais compartilhados’, estão sendo sucateados. Perdemos ao longo do tempo o costume de trocar, de vivenciar experiências coletivas”, lembra a atriz marginal.
“Esse cerceamento de lugares comuns, de espaços de trocas e vivências, faz com que a gente preencha esse tempo em vida com vazios, um esvaziamento do tempo que impossibilita as experiências, um tempo plasmado no presente sem memórias e expectativas” – Tatiana Monte
Para Tatiana, a substituição das rodas de conversa na calçada por uma vida cada vez mais privada, em volta da TV e sob influência da intensa campanha midiática, foi o combustível que inflamou o golpe que tirou o PT do governo federal – e o que inflama os golpes diários aos quais estamos submetidos diariamente.
“O sistema capitalista, selvagem, é capaz de tudo pra conseguir o que querem fazer essas pessoas que estão nesse front da perversidade, do poder”, nota Wellington Neri, o Tim, artista marginal e articulador do coletivo Imargem.
Do boteco ao Facebook, a culpa de todos os problemas era descontada na mulher na Presidência. “O preocupante é o quanto a galera comemorou a saída da Dilma. Fiquei impactada em ver aqui no meu bairro a galera comemorando, soltando fogos e perceber que a gente tá falhando no trampo de base”, lembra Elânia Francisca, que faz parte do coletivo feminista Mulheres na Luta.
Isso ressoa em outros aspectos do cotidiano, já que tirar o PT significa derrotar um projeto que o próprio partido já não representava. “Eu mesmo fui questionado por alunos e pais sobre os motivos de minha postura contra a ditadura, ou a favor das ocupações das escolas pelos alunos e dos movimentos de moradia e terra. E alguns pais se apresentaram como eleitores de Bolsonaro”, lembra Claudemir Mazuchelli, professor da rede pública.
“Esses dias eu ouvi alguém dizendo que a quebrada tinha que pagar uma taxa pra manter a escola pública na região”, observa o DJ Bola, da produtora cultural A Banca, do Jardim Ângela, que se surpreendeu: “A gente já paga pela escola pública”.
Equipe sem mulheres, jovens e negros. Ex-secretário das chacinas de São Paulo escolhido como novo Ministro da Justiça. Vazamento de conversas de poderosos da nova velha gestão explicitando o que de fato está em jogo… Para Marcio Bhering, que faz parte do Comitê Juventude e Resistência, a percepção é de que as cagadas iniciais do governo golpista de Temer estão servindo para as pessoas se atentarem aos acordos políticos. “Pelo que converso com as pessoas na rua, amigos do samba, do futebol e tal, houve uma mudança de opinião durante esse processo todo”.
De fato, os motivos pelos quais as panelas batem são diferentes. “As panelas da quebrada muitas vezes estiveram vazias. E a luta, por mais que seja caótica e com dificuldades de entendimentos, passa longe das panelas da madame”, lembra Tatiana.
E o que emergirá desse descontentamento, que não é de hoje?
“Temos que fazer um movimento de unificação das lutas e passar por uma discussão sobre macropolítica, discutir o que o Henrique Meirelles [ministro da Fazenda] tá falando”, aponta Tim, do Imargem, que defende a apropriação desse sistema e a discussão sobre a reforma política, assim como outras pessoas ouvidas nessa reportagem.
Já Vinícius, da Luta do Transporte, defende uma ruptura com a política de pactos e conciliação nacional dos últimos 13 anos. “É um momento de rachar com esse projeto petista e tentar construir uma nova posição de luta independente ao Estado e ao Partido dos Trabalhadores”.
A inspiração vem dos trabalhadores e dos estudantes secundaristas, que ocupam fábricas e escolas exigindo participação direta e efetiva nas decisões de seu próprio destino.
“A galera precisa cada vez mais conseguir sair dessa bolha imposta milimetricamente pelas redes sociais e pela mídia” – DJ Bola, da A Banca
Ficar de braços cruzados nunca foi opção, lembra Lili. “Temos que ter esse trabalho pedagógico, falar o que é luta e cada um se descobrir na luta, que se dá de diferentes formas”.
O momento é de intensificar as ocupações dos nossos quintais compartilhados. “Precisamos voltar a criar espaços de trocas coletivas, sentar na calçada e falar sobre as nossas ‘experiências’”, conclui Tatiana Monte.
Colaboração: Mariana Belmont