Tem quem diga que o primeiro rap brasileiro foi “Deixa Isso Pra Lá”, gravado em 1964 por Jair Rodrigues. Mas o rap como fora concebido nos Estados Unidos chegou ao Brasil em meados dos anos 80, com um show dos americanos do Public Enemy inspirou uma legião de seguidores no País.
Grupos de breakers da periferia se reuniam semanalmente na estação de metrô São Bento, no centro de São Paulo. Enfim, em 1988, a gravadora Eldorado lançou o LP “Hip-Hop Cultura de Rua”, que trazia grupos já conhecidos e lançava a dupla Thaíde e DJ Hum. Uma semana depois, também chegava às ruas o “Consciência Black”, dos Racionais MCs, que fizeram história.
De lá pra cá, o rap impulsionou mudanças na periferia, que por sua vez também influenciou o rap.
“Hoje eu vejo muitos saraus acontecendo”, observa KL Jay, um dos integrantes dos Racionais, para quem a literatura marginal é em parte fruto do movimento hip hop nas quebradas. “As manifestações estão voltando para espaços como o bar e isso é bom porque a cidade é muito grande, tem que ter”, continua ele.
“É muito bom ver a moleacada interessada em literatura, porque em algum momento o rap perdeu esse papel de levar a informação [pra quebrada]”, ressalta MC Marechal, rapper do Rio de Janeiro.
“Lá na Cohab, tem o pessoal do futebol, tem o samba, tem o menino que toca percussão. Tudo se mescla”, diz Rincon Sapiência, da zona leste de São Paulo, que também participa de saraus literários, como o dos Mesquiteiros e do Periferia Invisível.
“A gente fala dos quatro elementos no hip hop, mas na prática tem outras influências como o picho, o futebol, o skate, e tudo isso te agrega socialmente para depois começar a fazer rap”, conclui Sapiência.
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